sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Borboeta-Mãe


Cena: caminhada em família no final da tarde. 

Yuri olha para minha tatuagem nas costas:

- Mãe, não sei porquê,  mas toda vez que eu olho para sua tatuagem parece que a borboleta tá diminuindo...

E continua:

_ Quando eu era pequeno parecia que ela ocupava suas costas inteira. Agora fica cada vez menor.


... Esses símbolos do adolescer

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Família Bicho

 O Gato, o Cachorro, a Raposa e a Jaguatirica são os bichos que mais bem descrevem cada um da minha família. O Gato, quase sempre parecedo indiferente, mas mesmo assim tá sempre ali quando você precisa. O Cachorro, é claro, é o mais amoroso dos quatro, é aberto e afetivo do melhor jeito possível, mesmo brigando com o Gato regularmente. É visível que os dois ainda se amam bastante (você tem que ver os dois aconchegados no sofá). A jaguatirica, pode não ser tão ligada igual quando era menor, mas mesmo assim é de longe a mais energética dos quatro. E por fim, a Raposa, escondida no cantinho dela, tentando ser quieta mas cutucando a Jaguatirica com vara curta sempre que dá, sentindo falta de dar abraços a pessoas de fora mas tendo vergonha de abraçar as de dentro, mas amando os outros três incondicionalmente, mesmo não mostrando tanto assim.

(Texto do Yuri, escrito para uma atividade da escola, outubro 2021)

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Ana Lua

 



A vida muda

Todo dia


A Terra gira 

Nos revira


Nos convida a mudar

Constantemente


Fases, ciclos, ritmos

É hora de transformar!


Crescer é belo

Crescer é necessário 

Crescer é viver 

Você sempre será nossa Menina

E estamos felizes de transformar, crescer e descobrir novas possibilidades felizes com você 


Rito "real" - 02/10/2021

Rito "simbólico" - 12/10/2021 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O dia em que eu consegui mudar o Mundo


Como será que anda a minha maternagem? Nossa escolha familiar ainda continua sendo por toda restrição social "desnecessária". Sendo assim, nada de encontros sociais, amigos, passeios, etc. Aulas só online!!!

Yuri foi selecionado pela escola de programação para participar pelo terceiro ano consecutivo da Olimpíada Brasileira de Informática. A primeira fase, municipal, foi online e ele passou para a fase Estadual.

Daí, dois dias atrás, a escola nos informou que a prova que será realizada amanhã, teria que ser realizada obrigatoriamente na escola, sem outra opção. Assim, entramos no dilema de tentar decidir se o Yuri participaria, considerando o contexto e  nossas escolhas de cuidado e o desejo de participar. Tudo nos levava a optar pela desistência de sua participação.

Então, ontem, inconformada pela falta de opção, decidi procurar as regras da Olimpiada. Entrei no site oficial da Unicamp e, adivinha? No site havia uma nota em que a organização, apesar de inicialmente ter tentado fazer tudo no modelo presencial, voltava atrás (devido às altas taxas de covid) e permitia a realização das provas também em casa, deixando a critério de cada escola decidir como realizaria. Escrevi na hora para a escola do Yuri, com o link da Olimpíada e pedindo que reconsiderassem a participação dele sem ser presencial. E agora a tarde veio a resposta, permitindo assim que todos que desejem fazer de casa, possam participar. 

Ao ler a resposta fui tomada pela emoção. Não somente pelo fato de ele poder realizar a prova... porque ele ja estava conformado em não participar e tal... a emoção foi muito além. 

Uma emoção de MÃE!!! 

Emoção de mãe que pôde ensinar ao filho a possibilidade de não aceitar qualquer informação, regra, imposição sem fundamento e... poder questionar, tentar entender, ir atrás de mais fontes, de mais explicações quando incomodado... e... ao encontrar fundamentos ou informações, usá-las para embasar e transformar a situação...

Amanhã ele fará a prova, aqui de casa, e esse é o melhor prêmio para mim.

Emoção de mãe que  mostra ao filho que é possível mudar o Mundo.






sexta-feira, 28 de maio de 2021

A Grade


Em menos de uma semana você vai completar 11 anos. Minha filha caçula. O corpo já denuncia que você já não é mais tão criança, embora a possibilidade de crescer e se transformar ainda lhe cause resistência e estranhamento...

e eu achando que a resistência era só sua... Essa semana vivemos algo não planejado mas que agora me pareceu bem simbólico... Sua cama tinha uma grade. Daquelas para crianças pequenas não caírem. Colocamos quando arranjamos uma cama nova. Antes você dormiu quase um ano no colchão no chão (muitas vezes rolava e acordava fora dele) e, antes, dormia em uma cama-carruagem que tinha "beiradas"... Você sempre se mexeu muito dormindo e tem o sono pesado. Já caiu da cama mais de uma vez em viagens. Enfim, para mim, a grade te protegia. Final do ano passado, você começou a pedir para que tirássemos a grade. Seu pai totalmente de acordo. Mas eu resisti. Com medo de vc se machucar. "Do chão não passa", seu pai sempre alegava. Eu apelava para a pandemia e convecia vocês dois de que não era hora de machucar e nem correr o risco de precisar de um hospital. Foram vários pedidos e eu convicta de que ainda não era a hora...

Há dois dias você novamente me pediu para não colocar a grade na hora de deitar.... e repentinamente... meu coração aceitou.... sem aquele medo e preocupação (claro que coloquei o pufe do lado por garantia... mas foi só). Demorei um tempo para ter tranquilidade para aceitar que a grade não era mais necessária. Você foi paciente comigo embora persistente e insistente na sua forma de me mostrar que cresceu. Minha menininha cresceu. Feliz crescimento e transformação!!! Que a gente possa juntas lidar com nossos medos e que tenhamos coragem de tirar as grades já não são mais tão necessárias.
Um beijo de sua mãe orgulhosa

                                                                                                    
                                                                                                                 (texto de 28/05/2021)







 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Rito de passagem

Hoje, no começo da tarde, enquanto nós quatro cumpríamos a nossa tarefa semanal de toda sexta-feira desde início da pandemia (lavar a área externa de nossa casa), aconteceram dois fenômenos com Yuri (13 anos).

Fenômeno 1 (lado infantil): Yuri começa a dançar e brincar enquanto ensaboava o chão e de repente leva um baita tombo. Além do orgulho, bate o queixo no chão e a perna, mas sem cortes ou sangue. O pai arruma uma bolsa de gelo e ele coloca no queixo.

Fenômeno 2 (lado adulto): Enquanto segura a bolsa de gelo, Yuri vira para o pai e pergunta, assim como quem pede para passar o sal na hora do almoço: "Como faz para tirar meu bigode?" O tal bigode que apareceu em meados do ano passado e ainda é uma penugem. O pai tranquilamente diz que vai lhe mostrar. Meu coração acelera em um misto de orgulho, susto, emoção. 

E, no meio da tarde, vejo ele e o pai no banheiro. O pai lhe apresentando os instrumentos, Yuri atento e tranquilo. 

Eu me lembrando de uma cena de uns 10 anos atrás, ambos no banheiro, Yuri brincando de imitar o pai, com uma tatuagem de mentira igualzinha a dele.

Foi assim, no meio de uma tarde nublada, última sexta-feira das férias dele antes do retorno às aulas (ainda online), que ele atravessou um dos portais para a vida adulta. Sob a orientação assertiva do pai e a emoção e curiosidade da mãe - que se policiou bastante para não invadir (muito) um espaço sagrado masculino. 

Felizes novas descobertas e transformações para meu filho adolescente! Que seu pai seja sempre seu reflexo de masculino presente, aberto, cuidadoso e ético. 










quarta-feira, 13 de maio de 2020

Pedaço de Universo



Ainda há tempo... porque a maternidade é uma ação e atitude diária e ininterrupta que nos consome e nos embala a todo momento... eis o maior presente dessa semana... feito espontâneamente por minha filha para mim em um dia qualquer da semana que passou... "um pedaço do Universo"... é isso que ser mãe significa para mim... ter a honra de gerar, criar e acompanhar pedaços de Universos. Grata meus filhos por me ofertarem essa experiência.

(Texto de 13/05/2019)