Aos quatro ventos, nossas experiências, ideias, reflexões e vivências sobre nascimento, educação, criação...
sábado, 9 de maio de 2020
Café de Mãe
Cena 1 - Ela tomava café preto todos os dias. Eu não entendia o porquê dela beber algo tão forte.
Eu era pequenina
Ela quase não ficava em casa
Precisava salvar o Mundo
Minha mãe tem uma identidade secreta
Ela é uma super-heroína
Eu me lembro de acordar
Com um copo de chocolate quente
Feito e entregue amorosamente por ela
Café da manhã na cama
Todos os dias
E me lembro dela penteando meu cabelo
E dizendo que ele era lindo
Assim todo cacheado e solto
Eu reclamava, ela elogiava
E desembaraçava, prendia, trançava
Cena 2 - Ela tomava café preto todos os dias. Eu começava a achar o cheiro bom e a me interessar pelo ritual.
Eu já não era tão pequenina
Ela nunca parava e relaxava
Eu comecei a me interessar por esse Mundo
Que ela salvava todos os dias
Ela me ensinou como olhar além
Eu me lembro dela vigiar de longe
Com quem eu andava, aonde queria ir
E me acolher nas primeiras dores de amores
Eu já entendia seu cansaço
E ria dela dormir vendo filme na sala
Ela comprava as minhas roupas
Eu crescia e já era maior do que ela
Muito mais curvas e volumes
No seu espelho, eu sempre fui Linda
Ela me ensinou a me amar
Cena 3 - Ela precisou diminuir o café preto de todos os dias. Eu não vivo sem café.
Eu não sou nada pequenina
Ela continua salvando o Mundo
Às vezes nos encontramos nas aventuras
Mas ainda preciso de sua ajuda
É ela quem me salva de algumas enrascadas
Ela me liga todo dia
E apesar de quase não parar em casa
(a não ser agora na quarentena)
É e sempre foi meu porto seguro
estando sempre presente e constante
Ela é mãe coruja de três e avó de seis
Isso requer dividir sua atenção e colo a todo instante
Mas temos um ritual que é só nosso
Meu e dela (e da minha avó, agora só em coração)
O nosso momento do café. Juntas.
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