Questões atualíssimas para todos nós, que em algum nível nos sentimos insatisfeitos com alguns caminhos destrutivos, violentos e adoecedores que, coletivamente, temos escolhido como padrão.
Mas mudar é sempre um risco, e frente ao risco a tendência inicial é de paralisia ou de fuga... então não mudamos. Ficamos na mesma situação, rosnando, criticando, endurecendo os nervos e o coração e nos justificando que é assim que tem que ser. Não ficamos felizes mas não mudamos. Não mudamos por medo. Porque mudar é assumir os riscos e as consequencias... Os famosos "e se" tomam conta.
E se não der certo?
E se não for como eu imagino?
E se eu arrepender?
E se o bicho papão (aqui pode ser substituído por qualquer autoridade, tipo Conselho Tutelar, Polícia, Diretor do Hospital, Vestibular, Mãe, etc....) me pegar? Me prender? Me questionar???
E se todo mundo me criticar?
Há duas semanas reencontrei com a Ana Thomaz (uma pessoa admirável) que coordenou uma vivência para famílias aqui em Uberlândia. E novamente foi uma gostosura inquietante escutá-la. Porque ela aborda um assunto super delicado: Nós temos a capacidade de produzir a nossa realidade. Aquilo que somos, vivemos, enxergamos e sentimos está diretamente relacionado com nós mesmos. Mais que nos afetar, diz respeito diretamente a nós, está dentro de nós e é produzido por nós!!! Quando nós mudamos, a realidade muda!
E eis que é assim mesmo que me aconteceu. Quando eu mudei, a realidade mudou e os medos se dissiparam. Quando há mudança de paradigma, tudo que angustia e aflinge no modelo anterior, perde o sentido. Não tem como comparar, não tem como por numa mesma balança... Os medos de um, não atingem o outro.
Eu sentia que o modelo tradicional de ensino não mais comportava os meus desejos, sonhos e crenças sobre educação. Eu questionava muitos padrões e formatações pelas quais as escolas submetiam as crianças. E um belo dia eu descobri que a escola e o modelo de educação tradicional não eram os únicos existentes e possíveis. Eu abri meus olhos e descobri um novo universo. E num primeiro momento senti medo. E agora, que eu sei de tudo isso? E os meus filhos? E tudo que esse modelo tradicional promete, acomoda, segura? Mas a descoberta foi tão forte que superou o medo. Me permiti arriscar, embarquei (com a sorte de ter um companheiro no mesmo barco) e tranpus as barreiras. Criamos um espaço mais condizente com o que acreditamos ser educação, com o que acreditamos ser a potência de aprendizagem, que é o respeito e a autonomia de cada ser humano e a crença de que somos naturalmente seres interessados e capazes de aprender e de nos relacionar.
Faz um ano que criamos esse espaço: a Casa da Árvore e o que eu tenho a comemorar é a dissipação
Tudo isso é porque hoje assisti a uma reportagem do nosso espaço, realizada pela equipe do Programa de Bairro em Bairro de nossa cidade. É bom ver a árvore florindo, se fortificando, em sua natureza de ser o que é... Um belo presente de aniversário de um ano. Parabéns Casa da Árvore! Gratidão a todos os que andam a sonhar e realizar juntos, ás crianças, adolescentes, pais, mães e equipe de profissionais que cotidianamente transformam sua realidade. Bora lá que é só o começo!
P.S: Tudo o que expus e disse diz respeito a mim e a minha realidade. Não julgo, não critico nenhum modelo ou escolha educacional de nenhuma outra família e nem condeno nenhum modelo escolar. Adoro a diversidade e luto apenas pelo direito de escolha. Afinal, cada um é que sabe a dor e a delícia de ser o que é, não é mesmo???