sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Dia da Doula

Hoje, dia 18 de dezembro, é comemorado do Dia da Doula.

Compartilho aqui dois momentos relacionados a nossa recente conquista na cidade, que é a Lei Municipal que libera a entrada das doulas em qualquer hospital da cidade, seja ele público ou privado (Sobre mais informações sobre essa conquista, ler esse post aqui).

E, justamente no dia de hoje, realizamos uma reunião com o Hospital Municipal, para acertar nossa parceria de trabalho nessa instituição. Parabéns a esse hospital pela iniciativa pioneira de se reunir e se organizar institucionalmente para viabilizar o cumprimento da Lei.

Segue o texto escrito pela doula Livia Behnke sobre esse reunião:

"Hospital Municipal é o primeiro a se adequar a lei que permite a entrada das doulas em hospitais na cidade de Uberlândia.

As doulas de Uberlândia comemoram hoje (18/12) o seu dia profissional e também o primeiro acordo de atuação com um hospital na cidade, em cumprimento a lei municipal 12.314 , permitindo a entrada das doulas em hospitais públicos e privados na cidade de Uberlândia.
 Em reunião com os coordenadores do centro obstétrico do Hospital Municipal de Uberlândia, Dr. Walid Fahmy e Dra. Paula Machado, as doulas puderam ser informadas sobre o funcionamento do centro obstétrico e sobre os meios possíveis de atuação das profissionais. O hospital fará um cadastro das profissionais que pretendem acompanhar parturientes no local.
Para as doulas, o Hospital Municipal sempre foi um parceiro pretendido, pois a política dos coordenadores do centro obstétrico que visam sempre melhorar e cumprir com a assistência adequada ao parto, vão de encontro com o trabalho realizado pelas profissionais. 
As profissionais acreditam que esse acordo, em cumprimento a lei, possibilitará um numero maior de mulheres serem assistidas durante seus trabalhos de parto melhorando ainda mais a assistência no local.
Os demais hospitais da cidade ainda não se manifestaram para o acordo de parceria e trabalho. Atualmente as doulas acompanham apenas com profissionais que permitem a atuação das mesmas durante o trabalho de parto.

As gestantes anseiam por informações de como ocorrerá esse cumprimento da lei nos demais hospitais da cidade".

Registro dessa reunião história entre Hospital Municipal e Doulas de Uberlândia



O outro momento, é um vídeo produzido carinhosamente pela assessoria do vereador Adriano Zago, propositor dessa Lei na Câmara Municipal, em uma entrevista comigo sobre a função da Doula. O video foi veiculado pelo facebook, segue o link para acessá-lo: A função da doula

E assim vamos caminhando...



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Um parto Portal

Eu vi uma mulher atravessar um Portal
Eu acompanhei essa mulher
Seu percurso e atravessamento
Tão intenso

Eu vi o Tempo passar
Seu desalinho com a lógica
Sua sabedoria ancestral
Tão próprio

Eu vi as Sombras do caminhar
O chamado para si mesma
O medo de se encontrar
Tão incontrolável


Eu vi uma mulher se entregar
Em Luz e Canal
Mergulho profundo para dentro de si
Tão mágico

Um longo caminhar
Um túnel a enfrentar
O Portal em Luz
E todo um novo Mundo a encontrar

Eu vi o sorriso de satisfação
O prazer de conquistar
A recompensa de se superar
Tão Vida

Minha amiga de longa data, você pariu lindamente. A chegada de sua filha, em um VBAC, foi recheada de muita paz, confiança, entrega, dança... Fico imensamente feliz de compartilhar essa dança da Vida com você... Meu colo e abraço ainda estão impregnados dessa Chama da Vida...
Nascer empelicada são para poucas!!! Vida cheia de Sorte para toda a família!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Agora é LEI: A favor das Mulheres (e doulas) e contra a Violência Obstétrica!!!

Agora é oficial. O nosso prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado, sancionou as duas Leis em apoio à Humanização do Parto e Nascimento!!! Uma conquista histórica em nossa cidade, fruto de um movimento de profissionais, mulheres e homens engajados com a humanização, que vem ao longo desse tempo, construindo uma nova história de assistência à mulheres e bebês nesse momento tão especial e sagrado que é o nascimento.
As Leis que reforçam e garantem segurança, apoio, respeito e boas práticas profissionais no momento do parto foram sancionadas ontem, dia 24 de novembro de 2015 e publicadas no Diário Oficial do Município. São elas:

LEI Nº 12.314, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2015, sobre a liberação da entrada de doulas nos Hospitais (ver abaixo o texto na íntegra))

LEI Nº 12.315, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2015, sobre Violência Obstétrica  (ver abaixo o texto na íntegra))

Um ano atrás, um grande hospital particular de nossa cidade fechou suas portas para as médicas e mulheres que desejavam um parto mais natural e menos violento e desde então, também proibiu a entrada de doulas (aqui o post da época). Um hospital que tinha muito potencial para ser exemplo e modelo... O movimento, sempre de forma respeitosa, traçou novos caminhos, novas configurações, novos espaços... sobrevivemos e nos fortalecemos... Esse é um caminho apoiado pela Organização Mundial de Saúde, pelo Ministério da Saúde, pela Medicina Baseada em Evidências Científicas.
Uberlândia, apesar do vergonhoso índice de cesarianas desnecessárias, com 85% de nascimentos via cesariana, vem se destacando com projetos e mudanças rápidas no modelo de assistência. O Hospital Municipal é um exemplo disso, em pouco tempo, suas altas taxas de cesariana foram se transformando (de mais de 70% para menos de 40%), assim como toda a forma de acompanhar e conduzir os partos... Ainda temos uma longa caminhada e MUITA coisa precisa melhorar, mas precisamos comemorar e destacar as conquistas também!!! Semana passada também fiquei sabendo que um outro hospital particular, finalmente construiu uma sala de pré-parto, equipada com chuveiro, bola, banqueta e num espaço mais protegido e íntimo,,,, logo, logo, devo conhecer e se for verdade, compartilhar essa boa nova com todo mundo. É isso que precisamos, defendemos e desejamos: hospitais, médicas e médicos, enfermeiras, doulas... todos juntos e apoiando e oferecendo as melhores condições emocionais, fisiológicas e tecnológicas para as famílias e bebês. Não somos contra nenhuma categoria profissional ou via de nascimento, só queremos que as mulheres sejam consideradas sujeitos ativos desse momento, que tenham autonomia e respeito e muito amor e segurança também!

Foto: José Neto Fotografia Criativa


Dedico e agradeço essa conquista a muitos,

Prefeito Gilmar Machado, gratidão, pela sabedoria e apoio.

Vereador, Adriano Zago, e toda Câmara Municipal de Uberlândia , admiração e respeito, pela coragem e comprometimento com a causa.

Companheiras do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, reverência, pelo tempo e dedicação na defesa dos direitos das mulheres.

Amigas e Amigos Profissionais do Movimento de Humanização do Parto e Nascimento, lágrimas doces, pelo reconhecimento do árduo trabalho de cada um.

Mulheres e Homens que me escolheram para estar presente no momento da chegada de seus filhos no mundo, pura emoção e silêncio, porque é indescritível a honra que sinto por ter estado presente nesso momento. Todos gravados eternamente em meu coração!

Kelly, Silvia, Luanda, Luana, Ana Paula, Raquel, abraços e gargalhadas, vocês são minhas musas inspiradoras e companheiras de batons e partos.

Nilton e Júlia, dívida e admiração eterna, pelos caminhos desbravados arduamente na construção de um SUS para todos!

Impossível nomear todos e todas, a ideia não é excluir e sim incluir!!! Nos sintamos todos representados. A conquista é para todo mundo!

Segue aqui o link para o Diário Oficial do Município e abaixo a cópia das duas Leis:


LEI Nº 12.314, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2015

DISPÕE QUE MATERNIDADES, CASAS DE PARTO E ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES CONGÊNERES, DA REDE PÚBLICA E PRIVADA DE UBERLÂNDIA FICAM OBRIGADOS A PERMITIR A PRESENÇA DE DOULAS DURANTE TODO O PERÍODO DE TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO, SEMPRE QUE SOLICITADAS PELA PARTURIENTE.

O PREFEITO MUNICIPAL, 

Faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Diário Oficial do Município 6 Nº 4776, terça-feira, 24 de novembro de 2015 

Art. 1º É direito de toda gestante ou parturiente interessada, sempre que solicitado, ser acompanhada por doula durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, em estabelecimentos no Município de Uberlândia, nos quais se realizam parto e serviços correlatos, pré e pós parto. 

§ 1º O direito a que trata o caput deste artigo compreende o acesso e acompanhamento dos respectivos procedimentos pela doula, independentemente do exercício do direito a acompanhante, instituído pela Lei Nacional nº 11.108, de 7 de abril de 2005, e legislação municipal correlata, para fins de realização de suas atividades profissionais terapêuticas. 

§ 2º Para os efeitos desta Lei e em conformidade com a qualificação da Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, código 3221-35, considera-se doula a acompanhante de parto escolhida livremente pela gestante ou parturiente, que visa prestar suporte contínuo à gestante no ciclo gravídico puerperal, favorecendo a evolução do parto e bem-estar da gestante, com certificação ocupacional em curso para essa finalidade. 

§ 3º A contraprestação pelo serviço prestado pela doula é de responsabilidade exclusiva da gestante ou parturiente interessada. 

Art. 2º É vedada cobrança de valor adicional vinculado à presença de doula durante o período de internação da parturiente. 

Art. 3º A doula, para o regular exercício da profissão, poderá portar seus respectivos instrumentos de trabalho, condizentes com as normas de segurança e conforto de pacientes no ambiente hospitalar, dentre os quais:
 I – bola de exercício físico produzida com material elástico macio; 
II – bolas de borracha; 
III – bolsa de água quente;
IV – óleos e instrumentos para massagens; 
V – banqueta auxiliar para parto; 
VI – equipamentos sonoros; 
VII – demais materiais utilizados no acompanhamento do período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. 

Art. 4º É vedado à doula a realização de quaisquer procedimentos médicos ou clínicos, ainda que esteja legalmente habilitada a fazê-los. 

Art. 5º A infração à esta lei ensejará:
 I – se estabelecimento privado, as sanções prevista na Lei Nacional nº 8.078/1990, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor; 
II – se órgão público, a imediata instauração de procedimento administrativo disciplinar pelo órgão competente, nos termos da legislação de regência. 

Art. 6º A ausência de decreto regulamentador a esta lei não suspende os direitos por ela garantidos.

Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Uberlândia, 23 de novembro de 2015. 
Gilmar Machado Prefeito 
Autores do Projeto: Adriano Zago e Gláucia da Saúde  
DTL/mfjm/bbfr/PGMNº 11809/2015.

LEI Nº 12.315, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2015. 

DISPÕE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DE MEDIDAS DE INFORMAÇÃO À GESTANTE E PARTURIENTE SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO OBSTÉTRICA E NEONATAL, VISANDO, PRINCIPALMENTE, A PROTEÇÃO DESTAS CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA. 

O PREFEITO MUNICIPAL, 

Faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 

Art. 1º A presente Lei tem por objeto a divulgação, no Município de Uberlândia, da Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, visando, principalmente, a proteção das gestantes e das parturientes contra a violência obstétrica. 

Art. 2º Considera-se violência obstétrica todo ato praticado pelo médico ou pela equipe do hospital, que ofenda, de forma verbal ou física, as mulheres gestantes, em trabalho de parto ou, ainda, no período de puerpério. 

Art. 3º Para efeitos da presente Lei considerar-se-á ofensa verbal ou física, dentre outras, as seguintes condutas: 
I - tratar a gestante ou parturiente de forma agressiva, não empática, grosseira, zombeteira, ou de qualquer outra forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido; 
II - fazer graça ou recriminar a parturiente por qualquer comportamento como gritar, chorar, ter medo, vergonha ou dúvidas; 
III - fazer graça ou recriminar a mulher por qualquer característica ou ato físico como, por exemplo, obesidade, pelos, estrias, evacuação e outros; 
IV - não ouvir as queixas e dúvidas da mulher internada e em trabalho de parto; 
V - tratar a mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e diminutivos, tratando-a como incapaz; 
VI - fazer a gestante ou parturiente acreditar que precisa de uma cesariana quando esta não se faz necessária, utilizando de riscos imaginários ou hipotéticos não comprovados e sem a devida explicação dos riscos que alcançam ela e o bebê; 
VII - recusar atendimento de parto, haja vista este ser uma emergência médica; 
VIII - promover a transferência da internação da gestante ou parturiente sem a análise e a confirmação prévia de haver vaga e garantia de atendimento, bem como tempo suficiente para que esta chegue ao local; 
IX - impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato; 
X - impedir a mulher de se comunicar com o “mundo exterior”, tirando-lhe a liberdade de telefonar, fazer uso de aparelho celular, caminhar até a sala de espera, conversar com familiares e com seu acompanhante; 
XI - submeter a mulher a procedimentos dolorosos, desnecessários ou humilhantes, como lavagem intestinal, raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com portas abertas, exame de toque por mais de um profissional; 
XII - deixar de oferecer recursos de alívio da dor, farmacológicos e não farmacológicos, inclusive analgesia/anestesia na parturiente quando esta assim o requerer; 
XIII - proceder a episiotomia quando esta não é realmente imprescindível; 
XIV - manter algemadas as detentas em trabalho de parto; Diário Oficial do Município 8 Nº 4776, terça-feira, 24 de novembro de 2015 
XV - fazer qualquer procedimento sem, previamente, pedir permissão ou explicar, com palavras simples, a necessidade do que está sendo oferecido ou recomendado; 
XVI - após o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, demorar injustificadamente para acomodar a mulher no quarto; 
XVII - submeter a mulher e/ou o bebê a procedimentos feitos exclusivamente para treinar estudantes; XVIII - submeter o bebê saudável a aspiração de rotina, injeções ou procedimentos na primeira hora de vida, sem que antes tenha sido colocado em contato pele a pele com a mãe e de ter tido a chance de mamar; 
XIX - retirar da mulher, depois do parto, o direito de ter o bebê ao seu lado no Alojamento Conjunto e de amamentar em livre demanda, salvo se um deles, ou ambos necessitarem de cuidados especiais; XX - não informar a mulher, com mais de 25 (vinte e cinco) anos ou com mais de 02 (dois) filhos sobre seu direito à realização de ligadura nas trompas gratuitamente nos hospitais públicos e conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS);
XXI - tratar o pai do bebê como visita e obstar seu livre acesso para acompanhar a parturiente e o bebê a qualquer hora do dia. 

Art. 4º Os estabelecimentos hospitalares deverão expor cartazes informativos contendo as condutas elencadas nos incisos I a XXI do artigo 3º.

§ 1º Equiparam-se aos estabelecimentos hospitalares, para os efeitos desta Lei, os postos de saúde, as unidades básicas de saúde e os consultórios médicos especializados no atendimento da saúde da mulher. 
§ 2º Os cartazes devem informar, ainda, os órgãos e trâmites para a denúncia nos casos de violência, quais sejam, as referidas nas seguintes alíneas:
 a) exigir, às suas expensas, cópia do prontuário da gestante e da parturiente no hospital, que deve ser entregue sem questionamentos e custos; 
b) que a gestante ou parturiente escreva uma carta contando em detalhes que tipo de violência sofreu e como se sentiu; 
c) se o seu parto foi no Sistema Único de Saúde - SUS, envie a carta para a Ouvidoria do Hospital com cópia para a Diretoria Clínica, para a Secretaria Municipal de Saúde e para a Secretaria Estadual de Saúde, Ministério Público e Delegacia da Mulher; 
d) se o seu parto foi em hospital da rede privada, envie a carta para a Diretora Clínica do Hospital, com cópia para a Diretoria do seu Plano de Saúde, ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e para as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, Ministério Público e Delegacia da Mulher; 
e) consulte um advogado para as outras instâncias de denúncia, dependendo da gravidade da violência recebida; 
f) ligue para a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 (Decreto nº 7.393, de 15 de dezembro de 2.010). 

Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Uberlândia, 23 de novembro de 2015. 
Gilmar Machado Prefeito 
Autor do Projeto: Vereador Adriano Zago




quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Projetos de Lei aprovados em Uberlândia

Meu coração está em festa. Meus olhos estão cheios d`água. É tão bonito sentir a história em nossa pele, sentir parte e poder juntas (no feminino porque sei que os homens que estão juntos também reverenciam e honram seu lado feminino) com-partilhar essa História.

Essa semana foram apresentados e votados dois Projetos de Lei na Câmara Municipal de Uberlândia relacionados à melhoria da assistência obstétrica em nossa cidade e contra a violência e o desrespeito nesse momento tão sagrado na Vida de qualquer ser humano. Dois projetos propostos e abraçados pelo vereador Adriano Zaggo, que entendeu e se tornou um grande defensor da nossa causa.

Um dos projetos é para a divulgação e produção de material informativo sobre violência obstétrica, com o intuito de informar às mulheres e seus acompanhantes sobre seus direitos no momento da gestação e parto e sobre procedimentos desnecessários e desrespeitosos que as mulheres não merecem passar durante o parto.

O outro projeto é a autorização da entrada de doulas em todos os hospitais se assim a mulher gestante o desejar para contribuir para o bem-estar apoio e segurança da mulher nesse momento tão importante de sua Vida.

E ambos os projetos foram aprovados por unanimidade nos dois turnos de votação.

Foi muito bonito ver os nossos e as nossas representantes do legislativo defendendo esse projeto. Muita gratidão a esses representantes por contribuírem com essa causa tão importante para todas nós.

Mas gostaria também de ressaltar que a nossa presença lá fez a diferença. O Nilton (médico sanitarista, professor da saúde coletiva na Faculdade de Medicina da UFU e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e pai de duas filhas) e a Kelly (bacharel em direito, doula, coordenadora do Projeto FloreSer Parto e Crias e mãe de três filhos) tiveram voz na plenária e defenderam brilhantemente nosso ideal de Humanização. Gratidão ao dois e ao grupo que conseguiu se organizar para marcar presença no primeiro dia de votação.


Já no segundo dia de votação, foi lindo ver o nosso grupo se mobilizando para marcar presença de forma amorosa e coletiva. Em silêncio e carregando algumas fotos de mulheres de Uberlândia parindo de forma respeitosa e amorosa, sensibilizamos mais ainda todos os presentes.

Penso que esse é mais um resultado de uma história amorosa, competente e muito comprometida que vem sendo construída por mulheres, homens e profissionais dedicados ao longo de muito tempo. Uma história de amor e perseverança. Um momento histórico, dentre vários outros que vamos construindo com a nossa caminhada.

Agora falta só a aprovação do Prefeito... Talvez esse seja o momento da gente se unir e mostrar o que desejamos para nós e nossos filhos nesse momento tão único de nossas vidas: respeito, segurança, liberdade, intimidade e amparo com assistência baseada nas mais recentes e atuais evidências científicas!

Mais uma vez, gratidão ao Adriano Zago e sua equipe (que abraçou essa causa), ao Nilton e a Kelly (que nos representaram tão bem), às companheiras da Superintendência da Mulher e do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres que se fizeram presentes nesse e em todos os outros momentos de luta em defesa das mulheres de nossa cidade, às amiga e aos amigos, médicas, médicos, doulas e enfermeiras obstetras, que todos os dias realizam amorosamente sua missão de acompanhar as mulheres, suas famílias e seus bebês nesse momento de chegada ao Mundo, e a todas as mulheres que acreditam em sua força, sua potência e poder de criação de um mundo melhor e mais amoroso.


Segue abaixo o link do site do vereador explicando um pouco mais sobre cada um dos projetos aprovados:

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Meu coração sangrou

Essa semana meu coração doeu algumas vezes... tem a ver com a época do mês, pois minha menstruação me faz sentir o mundo de outro jeito, assim mais conectada com o coração (não é tensão, é amor mesmo).
Meu coração doeu pelos outros e outras que eu nem conheço. Doeu pelo desamparo de crianças dentro de escolas
Doeu pelo sistema educacional opressor (para alunos e professores)
E SANGROU ao saber de mais uma morte violenta de uma mulher em minha cidade, Veridiana!
Uma dor profunda no peito
Uma sensação de falta de colo
Vontade de ficar quieta (ou seria sentimento de impotência?)
A minha cura vem aos poucos, ao me alimentar de sentimentos, momentos e lembranças boas... me conectar com sentimentos bons de amor, paz, perdão... me alinhar com os Mundos Superiores e com a Terra, me sentindo parte integrada do Universo... me permitir estar presente ao lado dos meus filhos, ouvindo suas histórias, curtindo suas gargalhadas ou amparando seus medos...
E no meio disso, a lembrança de um dia, de um Homem, de uma música...
Sim, um Homem, que vem para curar meu feminino, minha dor, meu medo.
Que também acredita em uma educação amorosa, acolhedora e protetora. Que me reforçou a ideia de que uma criança em crise ("birra") merece toda o nosso amparo, nossa presença amorosa e, se possível, um abraço.
Que reverencia o feminino e o defende.
Que é masculino sem ser machista.
Hoje eu desejo CALMA para nós, humanos...
Compartilho uma música cantada por Alexandre Coimbra Amaral, um Psicologo que me inspira profissionalmente e que é um exemplar de Homem, com um discurso amoroso e respeitoso e super defensor de causas tão nobres a nós, Mulheres. Ele tem se revelado também um ótimo cantor e esse vídeo eu gravei no encerramento de um curso ministrado por ele aqui em Uberlândia sobre criação com apego. É na delicadeza de sua voz que eu termino em paz essa semana.
Ah! E ainda com a presença iluminada dessa criança encantada que é o Ulisses, seu sorriso preenche minha alma Sabrina Souza e André Morato Dias Cardeal.




terça-feira, 29 de setembro de 2015

Video de Parto: Nascimento do Caio

O relato de parto eu já tinha feito nesse post aqui.

Hoje compartilho o vídeo do meu registro desse dia tão especial.... E a doula se aventura a ser fotógrafa e agora editora de vídeo.... Mas é que eu queria mesmo que todo o Mundo pudesse entender a magia e a honra que é poder presenciar um trabalho de parto e um nascimento... Não é fácil, nem tudo são flores... mas é tão belo!!! Ver o poder da mulher... suas fisionomias, seus sons, seus corpo se abrindo... entender o momento do medo, da insegurança e também poder sentir o movimento da vida que empurra, que dá força, que não para....
Orgulho demais da minha cunhada e do meu irmão. E apaixonada pelo meu novo sobrinho!

Com vocês, o nascimento do Caio (sob o meu olhar)


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Rápido e suave como um beija-flor: sobre um parto express

Eu senti a força da Mãe-Terra
Erupção vulcânica explosiva*
Um corpo pronto para se romper
que não resiste a se abrir

Uma mulher e um homem
Uma tremenda revolução
No processo se transformando em pai e mãe
Muita preparação
Malhação e envolvimento emocional
De um extremo a outro
Da certeza de uma cesária agendada antes de engravidar
Ao desejo de parir em casa no final da gestação

Confiança...

Relato da Doula Coruja

Primípara, gestação de baixo risco sem intercorrências, 39 semanas e 5 dias, cunhada da doula

Mãe sem sintomas, passeou e farreou um dia inteiro
Foi dormir, acordou, se preparou para sair para almoçar
Vontade de ir ao banheiro: uma pequena cólica
12:00 - constatada saída do tampão mucoso
Iniciam-se as cólicas
Equipe devidamente comunicada e tranquila ao imaginar um dia todo de fase latente
13:30 - a doula e também tia coruja chega toda prosa, levando marmita pro almoço, louca para curtir e comemorar com tranquilidade
OPS!!!! Cunhada agachada na sala, com cara de exausta e incomodada com a frequência das contrações: "Estão vindo muito rápidas... intervalo menor que 2 min..."
A doula (se achando experiente) pensa: vixe, deve estar ansiosa, deixa eu distraí-la que logo essas contrações se espaçam...
14:00 - doula escreve pra médica que pretendia aguardar um pouco para fazer a primeira avaliação: "acho melhor você vir dar uma olhadinha... realmente as contrações estão frequentes, venha só para acalmá-la.... "
14:15 - doula já ansiosa escrevendo pra médica: "uma atrás da outra, sem intervalo, corra!"
14:30 - Fomos pro chuveiro e eu já sentindo a expressão mudando, a respiração de quem tem (ou tenta segurar) a vontade de fazer força. Doula começa a meditar e se conectar com a energia superior caso precise amparar o sobrinho
15:00 - UFA!!! Médica chega com todo o material. Enfermeira obstetra a caminho
15:05 - Primeiro toque = bebê na vulva
15:50 - Bebê nos braços da mãe e do pai!


Equipe e pais se recuperando do tsunami de um parto "express"
Um bebê lindo, forte e doce
que chegou com a rapidez e suavidade de um raro beija-flor
Sim, cada parto é um novo livro,
uma nova história, uma nova emoção
Não existe fórmula, nem regra, nem controle
Mas se preparar e entender o processo
ajuda muito a lidar com o inesperado
Mãe e Pai estavam serenos
Apesar do susto da intensidade
A mãe, se permitindo viver o descontrole
Uma leoa aos olhos do marido
O pai, apoio firme e amoroso
Um guerreiro, aos olhos da irmã mais velha
A equipe, uma preciosidade
De uma paz, harmonia e firmeza indescritível
E a doula, honrada por sentir o calor da vida
do próprio sangue, em suas mãos
Por poder oferecer o colo, o apoio e o carinho
na primeira hora de vida
E talvez assim,
curar um pouco mais de sua própria ferida
Gratidão ao Universo

(O pós-parto vale um outro relato - eu, tia, o estou vivendo intensamente ao lado dos pais e gostaria de fazer uma reverência a todas as mulheres e homens que estão passando por esse momento tão intenso e transformador... e lembrá-los que ele passa, bem rápido!)


* Aprendi que existem dois tipos de erupções vulcânicas: as explosivas e as efusivas. As explosivas são liberadas de forma violenta, rápida e intensa. As efusiva, de forma lenta e gradual.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Dicas para quem vai parir no SUS

Me pediram algumas dicas para uma mulher que já está no final da gestação, deseja um parto normal e vai ganhar seu bebê no SUS de Uberlândia.... Resolvi compartilhar pois talvez possa ajudar outras mulheres.

Vamos lá:

1 - Respire!!! Lenta e profundamente

Não é brincadeira.... a primeira dica para quem quer parir é sempre relaxar, sentir seu corpo, confiar e estar conectada com o que acontece... Então respirar faz toda a diferença mesmo antes de entrar em trabalho de parto, pq os bebês não têm data certa para nascer e não existe um prazo de validade... a data provavel de parto que os médicos anotam no cartão da gestante é só uma data de referencia, que é calculada com base nas 40 semanas. Mas os bebês podem nascer antes e depois!!! E isso não quer dizer que está passando da hora não, entender isso é fundamental e daí a necessidade de relaxar para diminuir a ansiedade se "passar da data".

Começaram as contrações???  Toda vez que vier uma contração tente respirar profundamente, puxando o ar pelo nariz até sentir ele chegando "no pé da barriga" e depois vai soltando lentamente o ar... o corpo precisa relaxar para deixar a contração trabalhar e abrir o corpo para a passagem do bebê...
Tem uma visualização que ajuda a lembrar desse tipo de respiração que é: "Cheira a florzinha (inspiração) e sopra a velinha (expiração). Imagine vc cheirando uma flor enquanto inspira e soprando uma vela enquanto expira"...
E lembre-se!!! A contração é algo importante e fundamental para o processo e não tem como fugir dela, então o melhor é aceitá-la e buscar a melhor posição para passar por ela.

2 - Não corra apavorada

Quando as contrações começarem não precisa correr pro Hospital (no caso aqui de Uberlândia, para a UAI). As contrações começam numa intensidade e vão diminuindo seu intervalo seu tempo entre uma e outra aos poucos. Se o intervalo entre uma e outra estiver maior que 10 minutos, nada de correr... elas ainda precisam se ritmar mais... mas se já tiver vindo num intervalo regular menor que 10 minutos daí é a hora de ir para a UAI avaliar e daí a equipe avaliar se já é hora de encaminhar para o Hospital (o protocolo da rede é que a gestante só vá para o Hospital com pelo menos 4 cm de dilatação, pq antes disso ainda é considerado uma fase preparatória do trabalho de parto e se for muito cedo para o Hospital a chance de acabar caminhando para uma cesaria ou receber intervenções desnecessárias aumenta muito)
Agora se antes disso, a bolsa romper, ou tiver sangramento de cor viva, daí a indicação é realmente procurar o atendimento médico independente da intensidade e tempo de contração! Para uma melhor avaliação.

3 - O tempo não é o inimigo

Nascimentos rápidos ou à jatos são bem raros, o normal é demorar um booooooom tempo. Então prepare-se e prepare a família para isso. Nada de ficar colocando caramilholas na cabeça de que os médicos estão esperando mais tempo do que precisa e que o bebê vai entrar em sofrimento por causa disso. Cada mulher precisa de um tempo diferente para se abrir para seu filho e o bebê também... durante o trabalho de parto, o bebê também faz seu processo e também precisa de tempo para achar o seu caminho para sair... e alguns bebês precisam de mais tempo que outros... afinal não é fácil sair do conforto e proteção do útero e começar uma vida aqui fora... os bebês fazem uma verdadeira dança dentro do útero para se despedir desse ambiente que tanto tempo o acolheu. Se você estiver no hospital e os médicos de tempo em tempo estiverem escutando o coraçãozinho do bebê e confirmando que está tudo bem com ele, então paciência... acredite no seu corpo e respeite o tempo do bebê. Se o coraçãozinho do Bebê estiver bem, ele pode ficar o tempo que for necessário aí dentro, sem preocupação...

4 - Movimente-se

Se o bebê dança dentro do ventre, a mulher também deve dançar!!! Movimentar o corpo, caminhar, rebolar, soltar o quadril, agachar, sentar na bola de pilates, tudo isso ajuda e muito o processo... tanto para dilatar mais rápido quanto para aliviar as dores durante as contrações.
Outros recursos que ajudam bastante ésão a massagem e o banho no chuveiro. A àgua morna no corpo é um dos melhores remédios para a dor! E o Hospital Municipal de Uberlândia oferece todos esses recursos!
A pior posição, a que mais dói e atrapalha o processo é deitada de barriga pra cima, então o jeito é se movimentar... Mas é bom também alternar alguns momentos de descanso e relaxamento, daí tente deitar de lado, ou levantar a cabeceira da cama e ficar mais "sentada".




5 - Beba líquidos

"Saco vazio não para em pé". Se vc não tiver nenhuma contra-indicação do médico, lembre-se de ingerir muito líquido e até se alimentar para ter força e energia. Sim, a mulher pode e deve se alimentar durante o trabalho de parto e a água é fundamental!

6 - Escolha a posição mais confortável para o seu filho nascer

Vc não precisa ficar deitada e nem com as pernas na perneira para o bebê nascer. Aliás, as posições verticais são mais indicadas porque a gravidade ajuda e é menos risco de ter alguma laceração no períneo (músculo da vagina)... e nada de pedir para o médico ajudar dando o "pic"... muito pelo contrário, se o bebê estiver bem, não deixem que os médicos te cortem sem necessidade. Já foi comprovado cientificamente que a episiotomia ("pic") não tem nenhum benefício e é prejudicial para a recuperação materna. Ela só deve ser realizada em casos muito específicos,
No Hospital Municipal o bebê pode nascer no pre-parto se estiver tudo bem, mas mesmo se for no centro cirurgico, você pode escolher a posição.
Existe até uma banqueta de parto que pode ser utilizada nesse momento.





7 - Pegue o seu filho no colo

Assim que ele nascer, pegue o seu filho. Abrace, beije, converse com ele. Não permita que ele seja retirado de perto de você. O pediatra pode avaliá-lo em seu braço e se ele estiver bem, o melhor lugar para ele ficar nesses primeiros momentos é em seu colo... É o seu cheiro, a sua voz, o seu calor que ele reconhece e que vai acalmá-lo... deixe ele ficar próximo do seu peito e veja se ele quer mamar. Amamentar na primeira hora de vida é recomendação do Ministério da Saúde e pode contribuir e muito para o melhor estabelecimento de vínculo entre mãe e filho. Pesar, limpar, dar vacina... tudo pode ser feito com calma, num segundo momento e nada é mais importante do que esse vínculo nessa hora.
É claro que em casos que o bebê não nasce bem, ele pode precisar de alguma intervenção e nesse caso o pediatra vai lhe informar sobre isso. Mas esses são a minoria dos casos e daí sim o bebê talvez precise ser afastado da mãe.


8 - Escolha bem seu ou sua acompanhante!

Toda mulher tem direito a um acompanhante de livre escolha durante todo o pré-parto, parto e pós-parto imediato. Você não precisa nem deve ficar sozinha em nenhum momento. Esse acompanhante é a pessoa que te conhece e pode curtir esse momento único de vida com você. Então ele também precisa estar preparado e acreditar naquilo que você deseja. Se você quer um parto normal e respeitoso, esse acompanhante tem que saber disso e entender um pouquinho de como tudo acontece para ele poder te dar o apoio necessário. Esse acompanhante tem que acreditar na sua capacidade e te dar força para enfrentar o processo, porque se ele tiver muito medo ou ficar com muita dó, ao invés de ajudar, ele pode é te atrapalhar...  Então converse antes e deixe claro o que você deseja para o parto.

No mais, acredite em você, no seu corpo, na sua capacidade de gerar. SEU CORPO É SÁBIO E VOCÊ E SEU BEBÊ MERECEM VIVER ESSE MOMENTO DE FORMA RESPEITOSA E AMOROSA.

AH! Última dica! Se ainda der tempo, visite o Hospital Municipal antes do parto, para conhecer a estrutura e o processo de lá. O Hospital tem um dia de visita organizada justamente para isso. Basta ligar lá e agendar com a equipe. Isso ajuda e muito, para que no dia do parto você não se sinta num local totalmente estranho e também para lhe dar mais tranquilidade.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sobre criança, cozinha e disponibilidade...

Hoje minha filha me pediu para cozinharmos... isso não é um fato muito raro mas tb não é cotidiano. Esse seu interesse (e o nosso), pela cozinha, vem e vai... Acho que já até escrevi sobre isso. O fato é que aqui em casa, quando é de nosso interesse, vamos todos cozinhar e, por sorte, eu e meu marido aprendemos cedo que convidar uma criança para cozinhar junto requer um tantão de disponibilidade e paciência... Sim, porque aquilo que se faria em 5 min, se faz em 20... Porque se a gente já costuma esparrar sem querer um pouco de farinha pela bancada, com criança, a bagunça é um pouco maior. E porque nem sempre a nossa expectativa corresponde ao desejo da criança... e a gente se frusta e a criança tb... Por aqui a gente vai tentando se equilibrar, entre a disponibilidade e a necessidade, entre o prazer e a pressa, entre a vontade e a preguiça.




Mas, no caso da Luana, seu interesse também tem sido pelo registro desse momento, em forma de vídeo que possa ser compartilhado "para toda Uberlândia". Essa semana ela viu um desenho da Moranguinho sobre um programa de culinária. Além disso, seu irmão tem tentado gravar seus próprios videos de video game, acho que deve ser por onde ela me informou que "a gente precisaria de um canal para compartilhar o video"...
Minha filha tem 5 anos e é bem determinada no que gosta e quer fazer. Portanto compartilho abaixo seu video dessa semana (não é o primeiro que fazemos, ontem mesmo testamos outro, mas foi o que ela decidiu compartilhar...).

Muitas reflexões sobre esse processo, mas para mim, o que fica de mais intenso, é a alegria e a honra de compartilhar com ela esse momento, ao vivo e a cores. Durante o processo, ela mesma se depara com o fato de eu a estar ajudando em plena quinta-feira e se questiona, mas quinta não é dia de trabalho??? Ela está em processo de aquisição da noção do tempo semanal e mensal.... adora olhar na folhinha o dia do mês, e contar quantos dias faltam para determinado acontecimento...

Eu trabalho dentro e fora, de mim e de casa, sempre trabalhei e adoro o meu trabalho. Mas desde que meus filhos nasceram, eles despertaram em mim um desejo enorme de ficar, de parar, de curtir... E eu, desde então, fui me remodelando...Cheguei a desejar mas nunca deixei de trabalhar fora. Com o tempo e o crescimento deles e minhas curas, fui redesenhando minha trajetória profissional e acho que atualmente estou num momento de intensa produção. Tenho pelo menos 3 focos (espaços) de trabalho - quem tem me acompanhado sabe que estou envolvida de corpo e alma em várias frentes e projetos importantíssimos relacionados à luta por uma assistência obstétrica de mais qualidade e respeito às mulheres em nossa cidade mas tão importante e precioso quanto é o tempo que crio para estar com meus filhos.

Filha, o tempo que eu dedico a vocês não é e nunca foi perda de tempo... parar em plena quinta-feira a tarde para cozinhar ao seu lado, é um trabalho maravilhoso e vale muito!!!  Fico feliz por me oportunizar isso e ainda me estimular mais a aprender sobre edição de video e coisa e tal. E é isso que venho aprendendo com a vida: quando a gente consegue integrar mais os nossos papeis e funções, o tempo e a ordem de tudo fluem com mais delicadeza... trabalho, vida, educação e filhos passam a compor um Universo um pouco mais coeso e menos compartimentado...

Com vocês, a pequena chef, Luana!


                                                         https://youtu.be/BrOugu3zwd8




segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Esperança

Nas últimas semanas, eu fui convidada a sair de minha pele, de minha casca, da minha proteção. Eu gosto de me aventurar, mas não costumo ser muito radical. Dessa vez não teve jeito. Me envolvi de corpo, alma e coração com uma história, de vida, de família, de confusão, de imprevistos, de falta, de incertezas. Achei que era eu quem ia ajudar e acabei descobrindo a generosidade em tantos outros lugares.
Uma família, 2 adultos, 5 crianças e mais dois bebês a caminho... que chegaram sem ser planejados mas que foram acolhidos apesar dos pesares. E que ainda dentro dos ventres começaram a enfrentar desafios: placenta prévia, incompatibilidade sanguinea, toxoplasmose, bolsa rota com 29 semanas, prematuridade...
Uma mulher que se envolveu com a história e foi mãe e avó de todos e adotou todas as dores como se fossem as suas próprias. E costurou, cuidou, abrigou, cozinhou, correu, chorou, socorreu e passou noites em claro.
Uma Unidade de Saúde, um Centro de Referencia de Assistência Social, um Conselho Tutelar, uma Escola, uma Delegacia, um suporte da Saúde da Mulher e da Criança da Secretaria de Saúde, uma Unidade de Atendimento Integrado, um Hospital Universitário, um grupo de amigas e uma rede social e um monte de profissionais que foram se envolvendo com a TEIA.
E eu, aprendendo todo dia, a cada dia vivendo uma nova aventura. Cheguei e não consegui mais sair, um capítulo novo da novela todo dia. Sempre com muita emoção. Foi sangramento, foi infecção urinária, foi ameaça de perda do emprego, foi falta de escola, foi internação de alto risco, foi trabalho de parto lento... mas também foi bercinho montado e enfeitado, foi vídeo de parto, foram conversas no whats up, foram vínculo e confiança criados...
E ao compartilhar a falta, a generosidade apareceu de todos os lados. Quanta gente disposta a ajudar! A família recebeu muita ajuda, a ponto de poder doar alguns pertences para outras famílias.
E hoje, depois de segurar meu coração na mão por quase 24 horas, de ansiedade, de dúvidas, de preocupação, de vontade de dar colo... eu choro de emoção, ao afirmar que eu acredito na possibilidade de uma pequena e singela flor se desabrochar no chão árido.
A menina caramujo, embotada em seu casulo, pequena e assustada, conseguiu parir. A equipe tecnicista e também desajeitada, conseguiu esperar por quase 24 horas e acreditou que ela seria capaz. E ela foi.
Eu não a ouvi gritar, eu não a ouvi reclamar, eu só a vi fechar seus olhinhos e suportar o Mundo em suas costas... Eu não estava por perto na hora que seus olhos se encontraram pela primeira vez com os da filha. Mas soube que elas estavam juntas, desde sempre.
Eu não sei como serão as coisas amanhã mas sei que não serão fáceis... Mas nem por isso é necessário desistir de lutar, de acreditar ou simplesmente de dar as mãos e caminhar ao lado.
Obrigada flor, pela caminhada nos corredores cinzentos, no dia de hoje.
Bem-vinda à força de ser mulher.


sábado, 25 de julho de 2015

Minha Mãe

Hoje é mais um dia festivo.
Hoje minha mãe faz anos.
Minha Mãe.
Que carrega o Mundo em suas costas.
Incansável guerreira
Sempre pronta para proteger sua Aldeia, sua família
Meu exemplo
De lucidez, de dedicação, de justiça
De profissional e de doação

Hoje, quando escuto meus filhos,
me chamando pelo menos umas 30 vezes no dia:
mããããe.... manhêêêê... Maiiiiiiiiiiiiiiii!!!!
quando acordam, quando dormem, quando machucam,
quando encontram algo interessante, quando não tem nada interessante...
Sinto o peso e a delícia de ser mãe
E reconheço que hoje, com 35 anos de idade,
é esse o nome que eu ainda chamo nos apuros da vida
Mãe!!!
E você sempre vem.
Nome doce e seguro

Hoje, quando vejo vc cuidando de minha avó,
alimentando, banhando, cortando seus cabelos
amparando e colocando para dormir
Sinto um amor profundo por você
Me espelho, honro e reverencio
Um dia espero ser capaz de retribuí-la da mesma forma
(a parte da comida acho que vai ser mais difícil, rs....)

Como profissional,
Você é meu farol
Sua postura, engajamento, sensatez
Compromisso e dedicação
De forma coerente e amorosa
Sem se rebaixar, sem se deixar ser iludida
Sem deixar de acreditar e ter fé
Em uma saúde pública e de qualidade
Me inspiram cotidianamente


E, hoje descobri mais um coisa, sobre o dia de hoje
25 de julho, seu dia
Hoje é considerado o Dia fora do Tempo
Dia de fechamento dos ciclos de Luas (fiquei curiosa e depois vou pesquisar mais)

"Hoje, dia 25 de julho, é o  Dia Fora do Tempo. Como sabemos, esta data fecha o ciclo de luas do anuário. E é esta data que os povos antigos usavam para celebrar e comemorar a arte, a beleza, a alegria e a vida. Nesta data, que pode ser comparada com o Reveillón, recebemos a oportunidade de meditarmos e ampliarmos a nossa conexão com o planeta.
Para relembrarmos o porquê desse dia ser chamado assim: o calendário da Paz é formado por 13 luas de 28 dias, o que dá 364 dias. Para complementar o calendário, então, o dia 365 é considerado o Dia Fora do Tempo e está relacionado à arte, à beleza e à unicidade com o Universo." (https://sabedoriauniversal.wordpress.com/2012/07/25/2507-dia-fora-do-tempo/)

E eis a Oração sugerida nesse mesmo blog para comemorar o dia de hoje e que passo a dedicar a você, minha mãe
Oração das Sete Direções Galácticas
Desde a Casa Leste da Luz
Que a Sabedoria se abra em aurora sobre nós
Para que vejamos as coisas com claridade.
Desde a Casa Norte da Noite
Que a Sabedoria amadureça entre nós
Para que conheçamos tudo desde dentro.
Desde a Casa Oeste da Transformação
Que a Sabedoria se transforme em ação correta
Para que façamos o que tenha de ser feito.
Desde a Casa Sul do Sol Eterno
Que a ação correta nos dê a colheita
Para que desfrutemos os frutos do ser planetário.
Desde a casa superior do Paraíso
Onde se reúne o Povo das Estrelas e os Antepassados
Que suas bençãos cheguem até nós agora.
Desde a Casa Interior da Terra
Que o pulsar do coração de cristal do Planeta
Nos abençoe com suas harmonias
Para que acabemos com as guerras.
Desde a Fonte Central da Galáxia
Que está em todas as partes ao mesmo tempo
Que tudo se reconheça como Luz de Amor Mútuo.
EVAN MAIA E MA HO






sexta-feira, 24 de julho de 2015

Declaração de amizade

Nosso amor é uma grande amizade
Uma história que começa assim, timidamente amigos
Cinco anos de encontros sem outras pretensões
De algumas conversas, troca de cartas e um pouco de violão
De danças circulares, poesias e jornais
Você acompanhou minhas paqueras
Eu ouvi o interesse das minhas amigas por você
Você cortou o cabelo, eu achei bonitinho
Você sangrou o nariz, eu levei bolo pra você
Você fez aniversário, eu fiz uma declaração em sua homenagem
(meio íntima, é verdade, mas sem pretensões, eu juro!)
Eu terminei um namoro, você me escutou
abraçados num ônibus
Abraçados num ônibus, um beijo surgiu
Na madrugada, rumo a Itapuã
Mais um beijo e outro
Você me pediu em namoro
Eu aceitei, ainda sem grandes pretensões
Você me avisou que mudaria de cidade,
trocaria a faculdade e viria pra perto de mim
Eu assustei mas concordei
Você me convidou para morarmos juntos
Nos casamos
Nos amamos
Nos mudamos
E geramos duas vidas, dois seres, dois corações
Que nos fizeram mudar ainda mais e sempre
E a amizade, cresceu e cresceu
E o amor foi germinado dessa amizade, dessa liberdade de dialogar e se expandir
De se permitir o encontro, de achar o limite de cada um,
E tentar superá-lo, pelo outro
Eu te amo, cada dia mais
E amo tanto a nossa amizade, o encontro no final do dia
Que chego a pensar mesmo que é a amizade que sustenta o nosso amor
Você quer continuar sendo meu amigo?


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Era uma casa muito engraçada: mudança de paradigma

                                                      Não tinha teto... Não tinha nada...


Mudar de paradigma, transpor barreiras, ser mais coerente e verdadeiro consigo mesmo.
Questões atualíssimas para todos nós, que em algum nível nos sentimos insatisfeitos com alguns caminhos destrutivos, violentos e adoecedores que, coletivamente, temos escolhido como padrão.
Mas mudar é sempre um risco, e frente ao risco a tendência inicial é de paralisia ou de fuga... então não mudamos. Ficamos na mesma situação, rosnando, criticando, endurecendo os nervos e o coração e nos justificando que é assim que tem que ser. Não ficamos felizes mas não mudamos. Não mudamos por medo. Porque mudar é assumir os riscos e as consequencias... Os famosos "e se" tomam conta.
E se não der certo?
E se não for como eu imagino?
E se eu arrepender?
E se o bicho papão (aqui pode ser substituído por qualquer autoridade, tipo Conselho Tutelar, Polícia, Diretor do Hospital, Vestibular, Mãe, etc....) me pegar? Me prender? Me questionar???
E se todo mundo me criticar?

Há duas semanas reencontrei com a Ana Thomaz (uma pessoa admirável) que coordenou uma vivência para famílias aqui em Uberlândia. E novamente foi uma gostosura inquietante escutá-la. Porque  ela aborda um assunto super delicado: Nós temos a capacidade de produzir a nossa realidade. Aquilo que somos, vivemos, enxergamos e sentimos está diretamente relacionado com nós mesmos. Mais que nos afetar, diz respeito diretamente a nós, está dentro de nós e é produzido por nós!!! Quando nós mudamos, a realidade muda!

E eis que é assim mesmo que me aconteceu. Quando eu mudei, a realidade mudou e os medos se dissiparam. Quando há mudança de paradigma, tudo que angustia e aflinge no modelo anterior, perde o sentido. Não tem como comparar, não tem como por numa mesma balança... Os medos de um, não atingem o outro.

Eu sentia que o modelo tradicional de ensino não mais comportava os meus desejos, sonhos e crenças sobre educação. Eu questionava muitos padrões e formatações pelas quais as escolas submetiam as crianças. E um belo dia eu descobri que a escola e o modelo de educação tradicional não eram os únicos existentes e possíveis. Eu abri meus olhos e descobri um novo universo. E num primeiro momento senti medo. E agora, que eu sei de tudo isso? E os meus filhos? E tudo que esse modelo tradicional promete, acomoda, segura? Mas a descoberta foi tão forte que superou o medo. Me permiti arriscar, embarquei (com a sorte de ter um companheiro no mesmo barco) e tranpus as barreiras. Criamos um espaço mais condizente com o que acreditamos ser educação, com o que acreditamos ser a potência de aprendizagem, que é o respeito e a autonomia de cada ser humano e a crença de que somos naturalmente seres interessados e capazes de aprender e de nos relacionar. 

Faz um ano que criamos esse espaço: a Casa da Árvore e o que eu tenho a comemorar é a dissipação
dos meus medos antigos.... não os tenho mais. É bem normal do lado de cá. Meus filhos continuam os mesmos, continuam me surpreendendo, crescendo, se desenvolvendo, aprendendo.... a diferença é que não tenho mais que ficar ranzinza, questionando ou sofrendo com o que está externo a mim, com o sistema que me aprisiona (no caso esse sistema, porque sou humana e continuo presa a outros medos), eu assumi o controle sobre a minha realidade e atuei nela, de forma potente e criativa. E se a gente fica bem, os filhos também ficam. Simples assim... Felizes, potentes e criativos.

Tudo isso é porque hoje assisti a uma reportagem do nosso espaço, realizada pela equipe do Programa de Bairro em Bairro de nossa cidade. É bom ver a árvore florindo, se fortificando, em sua natureza de ser o que é... Um belo presente de aniversário de um ano. Parabéns Casa da Árvore! Gratidão a todos os que andam a sonhar e realizar juntos, ás crianças, adolescentes, pais, mães e equipe de profissionais que cotidianamente transformam sua realidade. Bora lá que é só o começo!



P.S: Tudo o que expus e disse diz respeito a mim e a minha realidade. Não julgo, não critico nenhum modelo ou escolha educacional de nenhuma outra família e nem condeno nenhum modelo escolar. Adoro a diversidade e luto apenas pelo direito de escolha. Afinal, cada um é que sabe a dor e a delícia de ser o que é, não é mesmo??? 


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Encontros


Os Encontros Nacionais, Regionais e Municipais de Adolescentes, dos quais participei de 1995 a 2002, além das Prévias, das reuniões de organização dos Encontros e afins, tiveram uma importância em minha vida que eu ainda não sei precisar muito bem. Olhando em retrospecto, tento lembrar o impacto de estar num espaço com mais de 300 adolescentes pela primeira vez, ou das Oficinas e Grupos de Trabalho que ministrei, das reuniões com educadores, do "Parabéns pra você" que um auditório inteiro cantou pra mim, das conversas com índios, do contato com tanta gente de lugares diferentes do país. Provavelmente, se escrevesse aqui a quantidade de coisa que quis falar nas mais diversas situações durante os encontros, mas não falei, acho que não terminaria este texto tão cedo. (Aparentemente, eu "era" meio tímido e inseguro). Vou tentar descrever o que acredito que toda essa experiência me trouxe de crescimento e de confirmação de valores que hoje se concretizam na minha relação com a educação.

Os Encontros, como disse acima, representaram o primeiro momento em que me vi com dezenas de adolescentes no mesmo lugar. Para aqueles que estudaram em escolas convencionais, isso era uma experiência cotidiana. A minha escola era pequena, era diferente de todas as escolas que eu conhecia - pra mim, aquilo tudo era novidade. Todas as palestras, Oficinas, Grupos de Trabalho e afins dos quais participei não me marcaram tanto quanto as conversas, as rodas de violão, as brincadeiras nos ônibus e nos momentos sem programação. Na verdade, o que mais me marcou naquelas outras atividades foi justamente o contato com muitas pessoas diferentes. Sentia estranheza quando algumas delas demonstravam estar maravilhadas com as Oficinas, com a participação dos adolescentes nas mesas-redondas e palestras. Aquilo era meio normal pra mim, pois diversas práticas que aconteciam nos Encontros eram comuns em minha escola: Oficinas, atividades coordenadas por adolescentes, atenção aos nossos desejos etc. 

Mas os Encontros também trabalhavam com uma coisa que não era comum em nenhuma escola tradicional: a visão do adolescente como um ser humano integral, dotado de inteligência, sensibilidade, emoções. Toda mudança que os Encontros pretendiam provocar nas pessoas eram mudanças que passavam pela afetividade, mais do que pela racionalidade, pela informação, pelo conteúdo. Os Encontros reconheciam a limitação dessa esfera e investiam nisto que todos nós adolescentes (à época) trazíamos à flor da pele: emoção. Havia palestras, mas havia massagem, toque. Havia Grupos de Trabalho, mas havia também danças circulares. Essas são um capítulo à parte. Normalmente, os momentos em que todos os participantes do Encontro se encontravam realizando a mesma atividade eram os momentos das danças. Elas abriam os Encontros, davam boas-vindas ao dia que começava, e encerravam os eventos. Nem todos dançavam, mas quem o fazia sentia uma conexão sagrada difícil de explicar. Mesmo quem não tem religião (ou nos casos da dança não ter nada a ver com a religião que praticava) não poderia negar que as danças nos colocavam em contato com algo maior que cada um individualmente. Pra mim, nos conectávamos ao grupo, presentes no momento e movimento da dança. Uma das minhas coisas favoritas.

Nem tudo era uma maravilha, claro. Eu ficava bastante irritado com as pessoas que afirmavam "não fazer ideia" do que faziam ali. Com a meia dúzia que fazia uma farra um pouco exagerada (e sem cuidado com os lugares e espaços ocupados). E, principalmente, com aqueles que se esforçavam para chamar a atenção. Aquilo me irritava um bocado. Problema meu, claro, não deles. Como eu não sabia lidar com a atenção, tentava ficar quieto no meu canto. Só participava quando achava que tinha certeza que iria contribuir com alguma coisa. Isso foi mudando aos poucos e nos últimos Encontros eu já estava mais relaxado. Mas demorou um pouco. Acredito que tenha havido gente que me conheceu sem nunca ter ouvido a minha voz :) Educador juvenil, fiquei beeem mais solto, mas daí já tinha passado da hora, e dei uma maneirada antes que ficasse meio ridículo. Mas mesmo caladão consegui fazer amigos, até namorar (!). Fiquei, inclusive, com uma pessoa que era (ainda é) um tanto diferente de mim: sorridente, simpática, falante, comunicativa (a lista de qualidades pode se estender muito mais...). Pois é, nos conhecemos em 95, nos tornamos amigos em 98, ficamos e começamos a namorar em 2000. E estamos juntos até hoje :) Essa história merece um post só pra ela. Depois.

Minha participação nos Encontros era sustentada por um trabalho voluntário na escola que se estendeu um pouco depois de eu ter completado o Ensino Médio. Bem antes de me tornar professor, tive a oportunidade de trabalhar em diferentes salas de aulas, com pessoas de diversas idades. Sou voluntário atualmente e respeito muito essa relação com o trabalho.

Sou grato a todos os educadores responsáveis pelos Encontros dos quais participei e pelos grupos dos quais fiz parte, aos amigos com quem dividi momentos alegres, aos desafetos que me ensinaram uma pá de coisa, às experiências que tive, às reflexões que todas as situações me provocaram... Sei que, se não fosse por isso tudo, eu seria uma pessoa diferente hoje. Trabalho com crianças e adolescentes e sei que o meu jeito "de igual para igual" de lidar com eles se deve aos Encontros. Meu interesse (ou melhor, paixão) pela educação deve muito a essa história toda aí. Pronto, já falei demais. Se eu pensar em mais coisa pra compartilhar, eu conto. Um dia.

Luís Gustavo

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sobre os encontros na REDE SUS de Uberlândia

Ontem aconteceu o IV Encontro de Humanização do Parto e Nascimento (veja o folder) da Secretaria de Saúde de Uberlândia. E é com a alma em paz que eu compartilho com vocês meus sentimentos do encontro.
Um encontro leve, sem grandes pretensões a não ser o de nos encontrarmos, compartilharmos e crescermos enquanto movimento pensante a cerca da assistência obstétrica em nossa cidade.
Um encontro exitoso, por mobilizar mais de 100 profissionais (a maioria mulheres) de diferentes pontos da REDE SUS de Uberlândia e também alunos e profissionais de áreas afins.
Um encontro forte, por possibilitar a sintonia (e também o confronto) entre vários gestores, profissionais e usuárias da Rede.
Um encontro de pessoas, que se disponibilizaram e se doaram para que o evento acontecesse, assim, sem obrigação, assim, de coração, assim, sem impedimentos... Posso ser injusta se tentar nomear cada uma das pessoas que contribuíram para que o evento fluisse mas posso garantir que tenho o privilégio de estar rodeada de pessoas maravilhosas, algumas que apoiaram a ideia e a bancaram, e muitas outras que me ajudaram na parte "burocrática" da história. A todas essas pessoas, minha gratidão e minha disposição para contribuir quando também precisarem.

O encontro começou com a apresentação de uma reportagem aqui de nossa cidade (aqui o link) com o relato muito simpático de uma parteira tradicional, uma mulher que teve um parto normal e algumas profissionais, incluindo eu!
Logo após, demos início à apresentação do Protocolo do Parto Seguro pelo Hospital Municipal, seguido da reflexão sobre a interrelação do mesmo com todos os outros pontos da REDE pelos quais a gestante perpassa durante sua gestação e do bate-papo junto com os participantes do Encontro.
Um breve intervalo e inciamos a segunda mesa com a exibição de um vídeo-relato de parto de uma mulher que realizou a versão cefálica externa (VCE) durante sua gestação. Exibimos o trecho inicial desse vídeo antes da apresentação mais teórica sobre o procedimento da versão cefálica e suas evidência científicas quanto a segurança e indicação dessa manobra, a apresentação do ambulatório de VCE no Hospital Municipal e a conversa com uma mulher (a mesma do video e querida amiga) que passou pelo procedimento, seguido de um interessante bate-papo.
Encerramos o evento com lágrimas nos olhos pela emoção despertada pelo nascimento registrado no vídeo (acesse o vídeo aqui).
Minha gratidão a todos que compartilharam sua tarde comigo, especialmente aos profissionais que contribuíram com suas experiências nos dois temas apresentados. E ainda um agradecimento ao Hospital Municipal e seu engajamento pela melhoria na assistência obstétrica em sua instituição, a resposta das usuárias e os índices estão aí para provar que é possível sim mudar!!!























"O movimento pela humanização do parto pertence ao movimento maior de libertação do espírito humano e do ser humano concreto das formas aprisionadoras do passado (...). Humanizamo-nos quando nos resgatamos como sujeitos críticos, pensantes e dialéticos capazes de questionar e encontrar sínteses criativas para os desafios e as aparentes contradições da vida. Na humanização não se trata de mudar um protocolo por outro, nem de mero treinamento de profissionais para atuarem diferente. O fracasso dessas tentativas mostra que humanizar é muito mais do que uma troca de modalidade de ação. HUMANIZAR É MUDAR UM MODO DE SER, DE ENCARAR A PROFISSÃO, DE INTERAGIR COM COLEGAS E CORPORAÇÕES, DE LER PESQUISAS CIENTÍFICAS E DE LIDAR COM A PRÓPRIA SUBJETIVIDADE." 
                                                         (Adriana Tanese Nogueira, em seu livro: A alma do Parto)