domingo, 29 de setembro de 2013

Sobre o sagrado

Mais um domingo. Mais aprendizado. Mais desafios.
Vou pedir licença para escrever sobre mim mesma e meus sentimentos. Pode fugir um  pouco da proposta inicial do blog: descrever as mudanças aqui em casa depois que desligamos a TV. Mas talvez só pareça que fuja, porque desligar a TV está relacionado com uma busca por mais coerência e qualidade de vida e também porque meus processos se misturam com os deles e vice-versa. E ainda porque especificamente esses sentimentos de hoje estão diretamente relacionados com um movimento meu de buscar atividades para nós que estejam em sintonia com o que acreditamos. A desse final de semana foi um presente!
Eis-me aí!

Hoje trombei comigo mesma de mais de quinze anos atrás. Foi um presente.  Mais intenso do que sou capaz de compreender... Reconectar-me a mim mesma, resgatar pedaços e revivê-los com o que sou hoje... E a cada dia eu fico mais grata pelas experiências vividas (e agora revividas) durante a minha adolescência.

 Palavras que utilizo hoje, para compreender e explicar as coisas que acredito, foram cravadas na minha pele ainda jovem: protagonismo, educação para a paz, solidariedade, educação de pares, respeito, diversidade, desescolarização?!?

Hoje tropecei em mim mesma, um pouco esquecida. Eu, Gaia, ancestral, “o outro de você”. Eu, terra, fogo, água e ar. Que invoca deusas e deuses e canta em outras línguas.

Hoje, ao ver meus filhos ao redor de uma fogueira construída por eles, ao som de tambores, eu me emocionei e reverenciei a vida, minha e deles. E eles dançaram, cantaram, dispersaram seus medos.

Eu voltei no tempo, voltei para as minhas danças ao redor de fogueiras, ao meu sentimento de fazer parte de algo maior, de me sentir protegida, de me sentir parte de um TODO. E reencontrei alguns mestres (Kaka Werá, Ricardo, Sônia...).

Hoje, sem me preparar, eu voltei para um círculo, para uma roda em torno do fogo, para as danças sagradas. E me senti bem.


Hoje sei que não estou começando nenhum processo novo. Novos desafios, sim.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Um blog legal!

Esse post é só para divulgar e valorizar um outro blog bem interessante e cheio de informações claras, embasadas e bem argumentadas sobre a necessidade de um maior controle e restrições da propaganda voltada para a infância. Se chama Infância Livre de Consumismo. Um blog cheio de conteúdos interessantes e que discutem justamente a necessidade de maior controle das mídias para a infância. Cada vez fica mais claro o quanto a mídia é manipuladora e sem escrúpulos para atingir seus objetivos: fazer a gente consumir mais e mais.

E esse mês que se anuncia - outubro - a coisa toda piora... nem acredito que aqui em casa não estamos sofrendo o bombardeio de propagandas de brinquedos e mais brinquedos nos longos intervalos dos desenhos animados... Só agora me atinei que não temos visto mais uma mesma cena inúmeras vezes no mesmo dia... seja de uma mesma propaganda (às vezes me lembro que elas se repetiam até no mesmo intervalo!?!), seja de um mesmo desenho, umas três vezes na mesma semana! Nossa, que delícia sentir essa libertação! Não sei como a gente se acostuma com essa poluição visual e sonora... agora que estou mais afastada é que vejo como isso é desgastante. Outra coisa que também mudou por aqui foi a "pedição" por novos brinquedos. Praticamente parou. Antes isso era diário, era só aparecer na TV e lá vinha um: "mãe, compra isso pra mim!". Parou!

E tem mais! Já separamos alguns brinquedos para doar e estamos pensando em algo para a comemoração do dia das crianças... quem sabe esse ano sai a feira de troca de brinquedos por aqui?

Fica a dica: Infância livre de consumismo




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Deslizes

Hoje compartilho sobre a falta da "babá etetrônica", mais comumente conhecida como televisão. De uma forma geral, a TV já deixou de fazer parte do nosso repertório de atividades diárias. Eu, Luis Gustavo e Luana já nem nos lembramos dela. O Yuri ainda vive seus momentos de saudade e a solicita com certa regularidade, mas bem menos do que eu achava que seria visto a sua "paixão" pelos desenhos.

É muito emocionante perceber que eles estão buscando outras atividades, outros movimentos, outros contatos para "preencher" seu tempo. É legal ver eles acordando e indo procurar folhas pra desenhar ou ajudando a preparar o café ou indo brincar com a Otsu (nossa cachorra) ou ainda pedindo para ir ao clube para brincar de construir castelos na areia..., principalmente quando essas iniciativas partem espontaneamente do Yuri, que antes abria mão de qualquer coisa por uma TV ou video-game.

Mas agora preciso contar das minhas fraquezas (para não transparecer que tudo é melhor e mais fácil sem a TV).

Sábado que passou eu tinha que sair cedo para um curso. Acordei para me arrumar, Yuri acordou junto. Gu e Luana continuavam dormindo. Enquanto preparava o café, Yuri pediu para ver um filminho. Deixei pensando que assim ficaria mais fácil de eu me arrumar para o curso.
Outro vez, semana retrasada, foi pior! Estava sozinha com as crianças, elas acordaram e eu anda com muito sono... elas, em cima da minha cama, me cutucando, tentando me acordar. E eu sugeri: Por que não vão ver desenho?!?

Pequenos deslizes... que me fazem perceber que às vezes a necessidade é mais nossa do que delas..

.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

TV e formação do cérebro

Foram muitas coisas que nos fizeram tomar a decisão de "desligar" (ou "reduzir muito") a TV, entre elas os estudos que apontam para problemas na formação do cérebro infantil exposto à qualquer tipo de programa. Considerando a plasticidade de nosso cérebro, acho que os adolescentes e os adultos também deveriam se preocupar :) Seguem um texto e uma TED talk sobre o assunto, bem interessantes:

DÉFICIT DE ATENÇÃO

Estudo comprova malefícios da TV no cérebro de crianças

Lindsey Tanner

Tirem as crianças da frente da TV. Pesquisadores descobriram que cada hora passada diante da televisão faz com que crianças em idade pré-escolar aumentem suas chances de desenvolver problemas de déficit de atenção mais tarde.
Os resultados atestam que a TV pode diminuir os níveis de atenção das crianças e apóiam a recomendação da Academia Americana de Pediatria, segundo a qual crianças com menos de dois anos não devem assistir a programas de televisão.
“Existem milhares de motivos para que as crianças não vejam TV. Estudos anteriores mostraram que o hábito está associado a obesidade e agressividade infantil”, afirma Dimitri Christakis, pesquisador do Centro Médico Regional de Seattle. O resultado do estudo conduzido pelo doutor Christakis foi divulgado na edição de abril da revista Pediatrics, publicada pela Academia Americana de Pediatria.
Foram pesquisadas 1.345 crianças de um a três anos de idade. De acordo com informações fornecidas pelos pais, aproximadamente 36% das crianças de um ano não assistiam nunca à TV, enquanto 37% assistiam de uma a duas horas por dia e por isso possuiam um aumento de 10 a 20% de chances de desenvolverem problemas de atenção. Nas crianças de três anos, apenas 7% não viam TV e 44% assistiam de uma a duas horas por dia. O resultado da pesquisa sugere que o hábito de ver TV superestimula e modifica o desenvolvimento normal do cérebro de uma criança. Entre os riscos encontrados estão dificuldade de concentração, impulsividade, impaciência e confusão mental.
Os pesquisadores não se preocuparam em saber que programas as crianças assistiam, pois, segundo Christakis, o conteúdo não é o culpado pelos danos causados ao cérebro. O problema é a rápida superposição de elementos visuais, típica dos programas de TV. “O cérebro de uma criança se desenvolve muito rapidamente durante os primeiros três anos de vida. Ele está realmente sendo ‘conectado’ neste tempo”, diz o pesquisador. O estímulo excessivo durante este período em particular pode criar mecanismos danosos à mente da criança.

TEDxRainier - Dimitri Christakis - Media and Children

domingo, 1 de setembro de 2013

O rato que sai da TV



Revelando o mistério do nome do blog

Afinal, de onde surgiu esse nome para o blog? Essa história é uma feliz coincidência, ou melhor dizendo, sincronia, de fatos... Mais ou menos um mês antes de resolvermos testar desligar a TV, a professora Kátia me chamou depois da aula para me entregar um "livrinho" que o Yuri tinha feito livremente para ela. Como ela tinha gostado muito, resolveu compartilhá-lo conosco para quem sabe a gente inventasse alguma coisa com ele. Nosso projeto foi desde o início transformá-lo em um livrinho, pois os desenhos foram feitos em tiras de papel, como uma história em quadrinhos. Eram só ilustrações. Em casa, escaneamos os desenhos e colocamos o texto da história que ele nos contou. Demos um tempo para o projeto do livrinho pois a próxima fase é o próprio Yuri escrever o texto com a letrinha dele (coisa que precisamos da vontade e interesse dele e isso vai bem aos pouquinhos... ele gosta mesmo é de desenhar, e está no auge do seu momento monstros, tá desenhando uns 15 monstros por dia!!!).
Enfim, a história aconteceu e ficou estacionada... O processo da não TV começou e coisa e tal e no dia de pensar no blog, as duas coisas se conectaram em mim. A história do Yuri voltou forte e eu fiquei emocionada com a força da mensagem que ele sem que a gente percebesse estava nos passando... uma TV engolindo uma criança!!!

Não conversamos com ele sobre essa relação até hoje, mas antes de dormir hoje, conversamos um pouco sobre as mudanças que estamos sentindo aqui em casa desde que desligamos a TV. Yuri e Luana concordam que estamos passeando mais e inventando outras coisas diferentes pra fazer, embora o Yuri ainda insista em dizer que sente falta dos desenhos animados.

Só para terminar, um pequeno relato do nosso final de semana: sábado de manhã, caçamos insetos e pequenas criaturas na horta da casa da vovó e do vovô (baseados em uma demanda da Luana em ir na "fazendinha" de mini-animais montada em um shopping, que foi divulgada em sua escola). Achamos tatu-bola, casinhas de caracol vazias, minhoquinhas, lagartas e até uma casca de uma cobrinha de duas cabeças!!! Uma aventura! No final da tarde, fomos ao CAMARU, um parque de exposição da cidade onde acontece uma feira anual de animais devido o aniversário da cidade, vimos cavalos, bois e vacas de todos os tipos! Vimos um tantão de mini-animais, vimos tirar o leite da vaca e até demos uma voltinha no parque de diversões. No domingo (hoje), começamos o dia assistindo novamente dois espetáculos de ballets infantis em DVD, depois fomos ao supermercado, almoçamos em um restaurante, descansamos um pouco em casa (nessa hora de descanso, Yuri jogou um pouco de video-game com o pai e Luana viu um pouquinho de "filminho", escolheu as músicas do "Cocoricó") e ainda tivemos fôlego para ir ao teatro ("A Cor Sem Lugar Algum, baseada no livro "Flicts" do Ziraldo). Imagine duas crianças interagindo com uma peça de teatro de um livro que elas conhecem! Multiplique por dez! Eram o Yuri e a Luana nessa peça! Terminamos o dia com pizza!

Mas, voltando ao assunto do nome do blog, tá aqui o livro do Yuri! Boa noite!