quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sobre festas de aniversários de crianças


Esse post foi motivado por algumas sementes de girassol. Sementes que plantamos em nossa casa essa semana e que brotaram. Sementes de um aniversário que fomos no último domingo, de uma coleguinha de escola do Yuri. O aniversário foi em sua casa, “uma chácara”, no gramado, e a lembrancinha foi essa: sementes, um pote e terra.

Eu sempre gostei de festas, sou uma pessoa social, que gosta de comemorar e de compartilhar momentos. Quando os meninos nasceram, essa comemoração e compartilhamento ganharam novos sabores. Mas também comecei a frequentar festas de aniversários de crianças (várias!) e os questionamentos são inevitáveis.Começando pelos buffets das festas infantis. Tipo de festa comum atualmente mas que praticamente não existia na minha infância. Reconheço a praticidade e conforto de se contratar um lugar com a festa, mas me incomoda muito a homogeneização. Festa infantil em salão de festa é sempre igual! Nenhuma marca pessoal. Muda-se a decoração da mesa de bolo e só. E mesmo a decoração não muda muito, os temas são sempre os mesmos. A festa está pronta, o aniversariante e sua família são apenas “convidados especiais”, pois é quem paga pela festa. Nenhum trabalho para montar, preparar, limpar ou estruturar a festa. Isso é visto como vantagem para a maioria das pessoas. Para nós sempre foi esquisito essa tal impessoalidade. Gostamos de pôr a mão na massa, do suor, do estresse e da “perda” de tempo meses antes para inventar e preparar a mesma... gostamos de imprimir a nossa cara na festa. Gostamos de enfeitar a nossa casa. Desde a escolha do tema, até construir os enfeites, as brincadeiras e as lembrancinhas. Trabalhoso mesmo! Acabamos precisando da ajuda de muitas mãos e aí envolvemos a família toda: avós, tios, bisavós e quem estiver por perto. E já inventamos algumas festas em casa extra aniversários, tipo carnaval e hallowen.


Festa de Hallowen: todos os preparativos foram feitos por nós e
 pelos convidados... desde comprar as abóboras, fazer os enfeites da
parede, brincadeiras de caça ao tesouro e essas guloseimas que
uma convidada teve a criatividade de fazer!

Já virou tradição a tal piñata... essa até foi fácil destruir, mas a
última, uma casinha para a feta dos 3 proquinhos deu um trabalhão.
Foi o vô que conseguiu destruí-la na "pancada" depois dos
meninos tentarem um tempão

Uma decoração de mesa: as árvores, os tios que fizeram. Os bichos de
pelúcia são nossos, da época que eu era criança, o forro pregado na parede
eu comprei em uma loja de tecidos. 


Vamos dançar? As fantasias são de camisetas velhas muito bem
reaproveitadas!


Outro ponto são as comemorações na escola. Não gosto muito, pois é rápida e só para as crianças, mas com o tempo entendi que para as crianças faz muito sentido, afinal são aquelas crianças e pessoas que ela convive a grande parte do tempo e cantar o parabéns com elas é prazeroso. Meu incômodo maior é com o tipo de lembrancinhas... costuma ser um monte de doces. E como tem sempre uma festa, vem sempre muito doce pra casa. Esse ano a escola dos meus filhos até mandou um bilhete, sugerindo que as famílias tentassem evitar os doces e pensassem em novas formas de lembrancinhas... Ainda bem que a escola não apoia essa mania de dar sempre doces pra crianças! Depois desse bilhete as coisas até melhoram... Esse ano a lembrancinha que fizemos para a escola foram: um jogo de boliche para a turma da Luana (3 anos) e um conjunto de livrinho de atividades, lápis e borracha para a turma do Yuri (6 anos). Detalhe: o boliche foi construído com meses guardando as garrafas de iogurte e coalhada que consumimos... Guardamos as garrafas e depois as enfeitamos, só precisamos comprar as bolinhas.



Esse ano também resolvemos experimentar não fazer festa aqui em casa. Fizemos a da escola e com a família a comemoração foi uma viagem. Convidamos os avós, os tios e o primo para um final de semana em um hotel (estilo fazenda). A idéia foi passar um tempo juntos, sem outras preocupações, um tempo para os meninos. E foi muito gostoso andar de bicicleta, caminhar, brincar de balanço e jogar ping-pong com a família. Foi engraçado andar de pedalinho e cansar as pernas! E andar a cavalo então, pura emoção. Uma das coisas que motivou essa viagem foi pensar que o mesmo custo que teríamos para fazer uma festa e chamar um monte de “amigos” que encontramos algumas poucas vezes no ano, a gente gastaria com essa viagem com pessoas bem íntimas e que realmente fazem parte do dia-a dia das crianças. Enfim, foi uma experiência bem prazerosa, pode ser que vire tradição e as festas acabem sendo realizadas em casa só em outras datas comemorativas... vamos ver...
Ah! ia me esquecendo! também fizemos "vaquinha" pro presente. Combinamos com a família que a gente não queria um monte de presentes não. cada um escolheu um presente e dividimos o valor entre todos.



Gostaria ainda de agradecer a oportunidade de ter participado de algumas festas bem legais de outros amigos e familiares que também assumem o risco de fazer festas menos práticas. Me lembro de várias! Tipo um piquenique no Parque do Sabiá ou mesmo nas casas das crianças, com direito a tinta, barro, quebra de vaso de vidro, correira, grama. Festas com cheiro de casa, com preocupação de quais espaços da casa as crianças podem ou devem circular e onde não pode, com pais participando das brincadeiras e dos filhos (outro detalhe dos buffets: os monitores!!! Confesso que adoro o sossego de sentar na cadeira e relaxar, pois tem um monitor vigiando cada brinquedo e consequentemente as crianças, mas é pra isso que vamos em festas???).

Ah! E as sementes de girassol brotaram, já foram transplantadas por jardim e estão enormes... os meninos regam todo dia e logo teremos girassóis em casa!


Bom, é isso, só um desabafo e uma reflexão. Como disse, eu adoro festa, de qualquer jeito, mas as caseiras me enfeitiçam mais!

sábado, 24 de agosto de 2013

Feliz coincidência ou "Dostoiévski é o cara!"

Enquanto as crianças brincavam na praça, com novelos de lã e poesia e movimento, eu estava sentado em um banco, de longe, só observando. Quando interrompia a observação, continuava a ler O Idiota, do Dostoiévski, que peguei com os meninos na biblioteca municipal no início da semana. Vou transcrever abaixo alguns trechos (p. 91 e 92) que eu estava lendo exatamente naquela hora e que "parecem" ter a ver não só com o que acontecia na praça, mas com o momento geral pelo que passamos:

"Pode-se dizer tudo a uma criança - tudo; sempre me deixou perplexo a idéia de como os grandes conhecem mal as crianças, os pais e as mães conhecem mal até os seus próprios filhos."

"Referindo-se à 'profundidade terrível, incrível da compreensão' com que a criança 'de repente assimila - sem que se saiba de que modo - outras idéias que, pareceria, eram-lhe totalmente inacessíveis', ele [Dostoiévski] escreve: 'Uma criança de cinco, seis anos às vezes sabe a respeito de Deus ou do bem e do mal coisas tão surpreendentes e de uma profundidade tão inesperada que você conclui involuntariamente que a natureza dotou essa criança de certos recursos de aquisição de conhecimentos que nós não só desconhecemos, mas, com base na pedagogia, deveríamos quase refutar... ela possivelmente sabe sobre Deus tanto quanto você e talvez bem mais que você sobre o bem e o mal, sobre o que é vergonhoso ou lisonjeiro'."

"Dostoiévski escreveu no Diário de um escritor, fevereiro de 1876: '... não devemos ser arrogantes com as crianças, somos piores que elas. E se lhes ensinamos alguma coisa a fim de torná-las melhores, elas também nos ensinam muito e também nos tornam melhores já com o simples contato com elas. Elas humanizam a nossa alma com seu simples aparecimento entre nós'."

Já dá muito o que pensar, né?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Eita dia cumpriiiiiiido, sô! (Sobre dança, praça, cemitério e rotina)

Compromisso logo de manhãzinha: aula de dança (será que posso chamar assim Fernanda Bevilaqua?, pois a proposta é tão encantadora e tão interessante e global que penso que extrapola qualquer tentativa de enquadramento em uma categoria pre-determinada: dança? educação? corpo? emoção? história?)... Vou descrever a atividade do dia mas deixo aberto o desafio para a Fernanda e a Clara postarem aqui nos comentários mais detalhadamente sobre a proposta do projeto, topam? Enfim, a atividade era as 8:30 e já percebi que vai ser um desafio a gente conseguir chegar no horário. Aqui em casa acho que gostamos de dormir... desde bebês a rotina aqui de casa é a dos meninos dormirem quando fica de noite, portanto, oito horas estamos todos no quarto e até nove, no máximo, eles já estão sonhando (a hora de dormir merece um post só pra ela, muita coisa pra contar!). E eles dormem até mais ou menos oito horas do dia seguinte. Eles revezam entre eles o que vai dormir até mais tarde um pouquinho. Hoje foi o dia do Yuri, eu levantei as sete e meia para tentar organizar tudo e sairmos na hora, logo que levantei cutuquei o Gu (isso se repetiu umas 10 vezes) e ele levantou às oito, quase junto com a Luana. O Yuri, eu tive que acordar às oito e quinze. 

Foto meramente ilustrativa: Mas que parece hoje, parece!
Chegamos ao Uai Q Dança (escola de dança) às quinze pras nove. A turma já havia saído de lá... Isso mesmo, a tal “aula de dança” acontece na cidade, em algum espaço público ali da redondeza... hoje a aula foi em uma praça. Fomos pra lá e ao chegar, encontramos a turma e um cesto de novelos de lã (Ah!!! Muito importante, a turma é composta por meninos e meninas de diferentes idades). Foi um intenso desenrolar e enrolar de lãs, entrelaçado com a vida ao redor, com a fantasia, com o sol e a brisa fria, tintas em linhas colorindo a praça! Uma coisa linda de ver e de viver. É claro que não resisti e entrei na dança, assim como quem se convida para a festa eu também participei. O Gu, ali, sentado, num banco da praça, com seu livro a tira colo, um olho nele e outro na praça colorida. Os meninos, livres, alegres, rodopiando no palco da praça, fazendo e desatando seus nós... E num piscar de olhos, o tempo passou...
                                   

Saímos da aula e já tínhamos um novo passeio: conhecer o cemitério que fica perto da nossa casa. Isso, há alguns dias, Gu e Luana chegaram num papo sobre cemitério e a Luana solicitou conhece-lo. Hoje era o dia. Foi um passeio de família muito interessante. Quanta coisa a aprender, sobre a vida e sobre a morte, túmulos de diferentes tamanhos, formas e imagens... uma imagem se destacou, um homem barbudo carregando ou pregado em uma cruz, e as perguntas brotavam em uma velocidade sem fim... mas por quê isso? Por que eles fizeram isso ou aquilo se ele era bom? O que é crucificado? Jesus é Deus? O que é milagre?.....

Na volta pra casa, paramos em uma vendinha, um mini-sacolão, pra comprar milho. Três mulheres cercadas de “cascas” de milho, cortavam, abriam e limpavam o milho. MUITO MILHO! E foi mais dez minutos de aprendizagem sobre milho, trabalho em equipe e paciência (já tentou tirar cabelo de milho?, os meninos tentaram!).
De volta pra casa, final da manhã. Claro que todos desenhamos o que mais gostamos dos passeios. Almoço, escola e trabalho... Opa, no almoço teve morango de sobremesa e a Luana teve a idéia de levar morango pra escola. Yuri também quis. Solução: passar no supermercado antes da aula e comprar morango para as turmas!

Vou parar o relato linear por aqui... só vou acrescentar que acabei não indo trabalhar pois ao chegar na escola preocupei com os ohos vermelhos da Luana e com um pouquinho de secreção... me atinei que não poderia deixa-la lá, em contato com as outras crianças sabendo do risco de contaminação se fosse início de uma conjuntivite. E não deu outra, sete dias de afastamento da escola! (segundo o Gu, estamos sendo forçados à desescolarização...).

Minha idéia quando comecei a escrever era o de compartilhar a rotina de um dia normal, mas atualmente nossos dias normais estão sendo especiais, uma nova descoberta a cada novo olhar... Coisas simples, como um milho, um morango ou um novelo de lã... coisas raras, únicas e preciosas, como um olhar de surpresa, um abraço apertado, ou a simples lembrança de que não somos eternos, de que o tempo passa e leva com ele os momentos que passaram. Como você tem escolhido viver o seu dia? 

domingo, 18 de agosto de 2013

As mudanças aqui em casa continuam...

Esse feriado foi dia de mudança... A TELEVISÃO saiu do coração de nossa casa. Passou da sala principal para um quarto. A pergunta que tem direcionado nossa energia é a seguinte: afinal, o que queremos fazer em casa? 



 O(s) dia(s) da mudança - a TV saiu da sala!

Daí as mudanças vão acontecendo... A TV foi pro quarto, que agora virou uma pequena sala de “cinema” e os brinquedos, o material de artes, a música e os instrumentos musicais foram pro CENTRO. É isso, ao entrar em nossa casa, a gente chega na sala de criação e brincadeira. A outra sala, a de jantar, também foi invadida pelas caixas com brinquedos.
Esteticamente, ficou desajeitado. Ainda estamos tentando organizar melhor os espaços. Mas os ares já mudaram. Yuri ainda solicita muito a TV mas logo se distrai com algo. Incrível! Ele até esqueceu um pouco do videogame.
Luana nunca foi muito chegada em TV mesmo e acho que ela está adorando essas mudanças, acorda desenhando, cuidando de uma bonequinha ou correndo atrás da nossa cachorra. Por falar nisso, a Otsu tem sentido as mudanças: os meninos estão dando muito trabalho pra ela, passam o dia abraçando, jogando os brinquedos pra ela pegar ou passeando com ela com a coleira pelo quintal.
Hoje à tarde, enquanto eu trabalhava, Luís Gustavo foi à Biblioteca Municipal com as crianças, onde pegaram 6 livros para o final de semana. Depois passaram na papelaria e reabasteceram nosso estoque de tintas, pincéis e canetinhas.
Ainda não comentei, mas a decoração aqui de casa é toda nossa. Os quadros foram substituídos pelas nossas próprias produções, isso é hábito antigo. E o melhor é que vira e mexe mudamos os enfeites da casa. No momento, temos os quadros pintados pelos meninos em homenagem ao Dia dos Pais, um grande papel craft pregado em uma parede com desenhos e recados que estamos produzindo e tem ainda um quadro que o Yuri fez na escola, baseado no quadro “Noite Estrelada” do Vincent van Gogh. 




Aqui, dois trechinhos de um bate-papo meu com os meninos sobre as mudanças.






quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Outra confissão: a babá eletrônica

A história mais antiga que conheço sobre minha relação com a TV me foi contada pelos meus pais. Eu deveria estar com menos de 5 anos e eles tinham um compromisso qualquer fora de casa. Não estavam encontrando ninguém pra cuidar de meu irmão e de mim e já iam desistir do passeio quando eu disse:
- Podem ir, a babá fica com a gente.
- Que babá?
- A TV, ué...
Deu pra sentir que eu via um bocadinho de TV quando era criança, né? Não fazia só isso, claro, e tenho ótimas lembranças de fazenda, acampamentos, basquete na garagem, tardes de brincadeiras. Mas tenho também memórias dos desenhos que via: He-man, Mighty Mightor, She-Ha, Smurfs, Os Herculóides, Space Ghost, Manda Chuva, Formiga Atômica, A tartaruga Tuchê, Frankstein Jr., Maguila o Gorila, Os Impossíveis, Tutubarão, Wally Gator, Tom e Jerry, Super-Amigos (pensando bem, o estúdio Hanna-Barbera é que foi nossa babá), Changeman, Flashman, Jaspion. Tinha também Rá-Tim-Bum e outras coisas que passavam na TV Cultura, Topo Gigio (na Manchete ou na Band?), Fofão... 


Depois, na pré-adolescência e na adolescência, Caverna do Dragão, Cavaleiros do Zodíaco, Castelo Rá-Tim-Bum, Mundo de Beakman, Família Dinossauro, Os Trapalhões, Planeta Terra... A lista é longa. A TV sempre esteve presente mesmo na minha vida. Lá em casa eram duas: uma na sala, compartilhada por todos, e uma no escritório, disputada pela molecada (o vídeo-game ficava lá) e a Luísa, nossa empregada (que via novela lá). Por falar em novela, vi poucas. As das oito, então, nem passei perto, pois dormia antes. Programas que passavam mais tarde, tipo Casseta e Planeta, eram gravados em fitas VHS pra ver no outro dia. Continuei vendo bastante TV: documentários, séries, filmes, culinária etc. Muitas vezes, dormi tarde zapeando e não vendo nada em especial. Demorei a conseguir dormir na frente da TV, que sempre me deixou acordado. Se pudesse, teria visto menos. Pensando na minha infância e pré-adolescência, vejo que muitas das minhas brincadeiras com bonequinhos tinham enredos idênticos aos dos desenhos. Minha imaginação não escapou, hehehe. Mas também lia muito, livros e quadrinhos, e nem sempre ficava na sala babando pra telinha. Em 2003, li um livro que estou relendo hoje, chamado Homo Videns, do Giovanni Sartori, que me fez repensar minha relação com a TV. 




Casei, tinha um aparelho no quarto, via madrugada adentro. Vieram as crianças e dá-lhe Dora Aventureira e Cia. Há alguns anos, parei de ver noticiários e canais da TV aberta. Agora, paramos geral com a TV paga também. Com menos de um mês vendo quase nada de TV perto do que era antes, o que já dá pra perceber é que a gente está se distraindo menos uns dos outros, o tempo livre exige mais da gente, o dia é um desafio, um espaço para criação. É um pouco difícil, mas acredito que as memórias serão mais saborosas do que as do tipo: "Onde está o geninho?"


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Confissão: sobre a desintoxicação da TV

Tenho pensado sobre a minha relação individual com a TV... e como venho me desintoxicando desse processo aos poucos.
Somos casados há 9 anos. Quando casei levei a minha televisãozinha (14 polegadas) para o nosso quarto, no nosso apartamento. Era acostumada a dormir assistindo televisão. Em minha casa todo mundo tinha televisão no quarto, além das televisões nas salas... MUITA TELEVISÃO!!!
Enfim, eu costumava dormir, enquanto o Luís Gustavo varava a madrugada assistindo a programação... Para mim, era e ainda é motivo de relaxamento... É comum eu dormir na sala com a televisão ligada, mesmo quando começo a assistir algum desenho com as crianças...
Pois bem, passamos dois anos no apartamento e quando engravidei, mudamos para uma casa.
Logo que mudamos para essa casa, resolvemos (por sugestão do Luís Gustavo) não colocar a televisão no quarto... Ficamos só com a televisão da sala e guardamos a pequenina no escritório, desligada. Alguns anos depois vendemos ela para um colega de trabalho.
Desde então era só uma televisão em casa. Mas eu ainda assistia novelas e até "Big Brother" (eu confesso). E o Luís Gustavo passava algumas madrugadas assistindo qualquer coisa.
Mais ou menos quando engravidei da Luana, outra mudança. Resolvemos trocar a operadora de TV a cabo e mudamos para uma que não tinha a Rede Globo. Achei que seria difícil acostumar a ficar sem novela, mas me adaptei rapidamente... (troquei por seriados e programas de culinária). O mais difícil desses canais pagos é que um mês assistindo o mesmo canal e você não aguenta mais a repetição dos programas. Eles repetem e repetem infinitamente a mesma coisa!
E de repente a gente já não tinha mais Globo. Também paramos de assistir telejornais, por opção e por considerar a mídia sensacionalista tendenciosa e violenta... não contribuindo em nada para o nosso dia-a-dia...
Foram 3 anos de muitos desenhos animados, programas culinários e algumas séries... 
Confesso que às vezes sento no sofá e sinto vontade de ligar a TV, simplesmente por ligar, para encher (ou seria esvaziar?) a cabeça. E que acabei intensificando meu tempo no Facebook (já que não tenho a TV).
Mas o melhor é me ver "forçada" a prestar mais atenção nos meus filhos e também nas coisas que quero e posso fazer quando não tenho uma TV...
Os meninos estão desenhando mais, brincando mais com nossa cachorra, montando quebra-cabeças, pintando, jogando bola... 
Eu não sei mais nome de novelas, não sei mais quem são os personagens principais, não sei onde está tendo furacão ou enchentes, nem quem foi indicado ao paredão... E quer saber? Não sinto a menor falta!
Por ora é só... acho que preciso desligar o computador tb... Até!

domingo, 11 de agosto de 2013

A TV foi pro lixo?

Para enfrentar o hábito de ver TV direto, estamos trabalhando nestas questões agora: onde iremos colocar a TV (queremos tirá-la da sala, mas ainda não decidimos onde montar a nova sala de TV), que atividades fazer com as crianças (além de desenhar, criar quebra-cabeças, montar quebra-cabeças, criar e jogar jogos de tabuleiro, tocar e cantar, dançar, andar de bicicleta...), quanta TV ver por dia. Com o fim da assinatura, a TV está sendo ligada pra ver filmes (Ponyo, Castelo Animado, Nemo, A Era do Gelo 4... basicamente Disney e Estúdio Ghibli) e ouvir música. Não chega sinal da TV aberta também. Assim, temos mais controle sobre o tempo e aquilo que será visto (sobre a publicidade infantil que recheia a programação da TV, ver o post anterior). Como as crianças andaram doentes essa semana, acabamos passando muito desenho, pra facilitar no repouso deles. Quando estamos na casa de outras pessoas, acaba ficando difícil regular demais a TV, e o que procuramos fazer é levar jogos e atividades pra variar um pouco. Apesar do hábito dos canais infantis, as crianças estão lidando bem com a sua ausência, dizem que sentem falta deste ou daquele desenho, mas sem dramas. Livros com atividades variadas são uma mão na roda, tipo este aqui ó:
 
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Por que desligar a TV? A publicidade

Dentre os vários motivos que nos levaram finalmente a "fechar a torneira", podemos citar nossa preocupação com a publicidade voltada para as crianças. Basta ver meia hora de qualquer canal dito infantil pra perceber que propaganda é o que não falta: é boneca de todo modelo, é boneco que fala, é iogurte que bota e apaga fogo em floresta, sandálias e tênis coloridos e um ou outro produto de limpeza (alguém sentiu um cheiro de sexismo no ar? Hein, alguma mãe poderia se manifestar?). Durante e depois de cada comercial, vem a ladainha da meninada: "Eu quero! Eu quero!" Compreensível, pois nós "adultos" certamente pensamos a mesma coisa quando vemos propaganda de carro, celular, resort no nordeste... O consumo é tema importante, independente da idade, mas pensar que nossos filhos (e foi muito diferente conosco quando éramos crianças?) estão sendo habituados com a ideia de que para cada desejo há um produto correspondente e depois outro e outro e outro... bem, é algo que nos incomoda bastante. Logo, sem TV paga (o mesmo vale para a aberta), sem comercial televisivo. "Ah, mas assim seus filhos vão estar despreparados para enfrentar a força da publicidade quando estiverem maiores!" Bem preparadas devem estar as crianças que começam a ver TV antes de completar um ano de idade... Se tudo der certo, nossos filhos não vão nem entender a publicidade! Propaganda não vai nem fazer sentido: "Como assim, essas pessoas que nem me conhecem estão dizendo que sabem melhor do que eu o que eu preciso pra ser feliz?" Lógico, a publicidade infantil não está só na TV, está nas revistas, na internet também. Mas quantos comerciais nossos filhos viram enquanto nós os deixávamos sozinhos na frente da TV, confiando que tudo que passava em tal ou qual canal era somente conteúdo "apropriado"? Sem TV paga, o grau de contato que eles têm com a publicidade é bem mais filtrado por nós, e bem menos "covarde" (pra usar uma expressão que está no documentário que vou citar a seguir). A ideia é ter mais tempo pra ficar com nossos filhos, mais tempo pra eles ficarem com eles mesmos, ou seja, sem que sua atenção e imaginação sejam direcionadas por outras pessoas cujo maior interesse (ou único) é vender determinado produto (ou fazer uma campanha publicitária de sucesso, ou lucrar, ou ganhar mercado para sua marca etc.). Para quem tem interesse sobre o tema publicidade infantil, sugerimos o documentário nacional "Criança, a alma do negócio", já citado em nosso primeiro post. A partir dele, discutimos muitas coisas que nos ajudaram a desligar a TV.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sobre como chegamos aqui

SINOPSE

A ideia: desligar a tv
Quando: oficialmente a partir do dia 31/07/2013 (fizemos uma experiência no final de semana anterior, nos desafiamos a ficar o final de semana inteiro com a televisão e os computadores desligados)
Onde: nossa casa
Quem: Alessandra (eu, mãe), Luís Gustavo (pai), Yuri (6 anos), Luana (3 anos)

A HISTÓRIA

Esse assunto, da influência da mídia televisiva no nosso funcionamento e comportamento, já nos acompanha há algum tempo... acho que desde que nos tornamos pais. Sempre fomos seletivos e cuidadosos com os canais e programas que as crianças tinham acesso. Exemplo: aqui em casa não tem o canal da rede Globo há uns 4 anos (nossos filhos não sabem o que é novela); jornais televisivos paramos de ver há alguns anos (nossos filhos nunca viram nenhum noticiário tradicional, nunca ouviram falar POR JORNAIS SENSACIONALISTAS da morte de ninguém, nem de  tragédias, nem de quem atirou em quem, nem de quem jogou não sei quem pela janela, nem de epidemia nenhuma...); dos canais específicos para o público infantil, alguns estavam bloqueados por serem canais direcionados a um público mais juvenil ou desenhos com conteúdos violentos ( Ben 10, Power Rangers, etc.), ou com conteúdos abobalhados (Chaves e coisas do tipo). Sobravam algumas opções e nosso contato com a televisão se resumia a desenhos infantis, programas de história natural e animais, culinária, informações de saúde e, é claro, programas sobre gestantes, partos e bebês!
Porém, mesmo com todo esse “cuidado”, algumas coisas incomodavam, dentre elas, a grande quantidade de intervalos e a enxurrada de propagandas abusivas. Nesse tempo assistimos alguns documentários que refletiam muito a esse respeito. Prometo pedir ao Gu para postar o link deles aqui no blog, dentre eles, “Criança,a alma do negócio”. Yuri, de tanto ouvir a gente falando, já está naquela fase de ver uma propaganda e falar: “isso que promete aí é tudo mentira”, se referindo aos brinquedos andando, falando, voando e interagindo com as crianças. A Luana ainda insiste em dizer “eu quero” pra todo brinquedo que aparece (uns 30 por propaganda).
Daí, semana passada vimos um outro vídeo que mexeu  muito com a gente (“O que aprendi sobre a desecolarização”) e por causa dele, vieram muitos outros vídeos e textos. Deparamos novamente com a questão da importância da TV na educação (ou deseducação) nossa e de nossos filhos e resolvemos experimentar desligar a TV. Que surpresa maravilhosa encontramos no final de semana do desafio... o resultado foi tão bom que três dias depois o nosso plano de assinatura da TV paga já estava cancelado... 

E começamos, agora, a compartilhar o que acontece com a gente quando não se tem mais uma televisão o tempo todo para atrapalhar... Curioso? Desligue a TV e venha nos acompanhar!