quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Outra confissão: a babá eletrônica

A história mais antiga que conheço sobre minha relação com a TV me foi contada pelos meus pais. Eu deveria estar com menos de 5 anos e eles tinham um compromisso qualquer fora de casa. Não estavam encontrando ninguém pra cuidar de meu irmão e de mim e já iam desistir do passeio quando eu disse:
- Podem ir, a babá fica com a gente.
- Que babá?
- A TV, ué...
Deu pra sentir que eu via um bocadinho de TV quando era criança, né? Não fazia só isso, claro, e tenho ótimas lembranças de fazenda, acampamentos, basquete na garagem, tardes de brincadeiras. Mas tenho também memórias dos desenhos que via: He-man, Mighty Mightor, She-Ha, Smurfs, Os Herculóides, Space Ghost, Manda Chuva, Formiga Atômica, A tartaruga Tuchê, Frankstein Jr., Maguila o Gorila, Os Impossíveis, Tutubarão, Wally Gator, Tom e Jerry, Super-Amigos (pensando bem, o estúdio Hanna-Barbera é que foi nossa babá), Changeman, Flashman, Jaspion. Tinha também Rá-Tim-Bum e outras coisas que passavam na TV Cultura, Topo Gigio (na Manchete ou na Band?), Fofão... 


Depois, na pré-adolescência e na adolescência, Caverna do Dragão, Cavaleiros do Zodíaco, Castelo Rá-Tim-Bum, Mundo de Beakman, Família Dinossauro, Os Trapalhões, Planeta Terra... A lista é longa. A TV sempre esteve presente mesmo na minha vida. Lá em casa eram duas: uma na sala, compartilhada por todos, e uma no escritório, disputada pela molecada (o vídeo-game ficava lá) e a Luísa, nossa empregada (que via novela lá). Por falar em novela, vi poucas. As das oito, então, nem passei perto, pois dormia antes. Programas que passavam mais tarde, tipo Casseta e Planeta, eram gravados em fitas VHS pra ver no outro dia. Continuei vendo bastante TV: documentários, séries, filmes, culinária etc. Muitas vezes, dormi tarde zapeando e não vendo nada em especial. Demorei a conseguir dormir na frente da TV, que sempre me deixou acordado. Se pudesse, teria visto menos. Pensando na minha infância e pré-adolescência, vejo que muitas das minhas brincadeiras com bonequinhos tinham enredos idênticos aos dos desenhos. Minha imaginação não escapou, hehehe. Mas também lia muito, livros e quadrinhos, e nem sempre ficava na sala babando pra telinha. Em 2003, li um livro que estou relendo hoje, chamado Homo Videns, do Giovanni Sartori, que me fez repensar minha relação com a TV. 




Casei, tinha um aparelho no quarto, via madrugada adentro. Vieram as crianças e dá-lhe Dora Aventureira e Cia. Há alguns anos, parei de ver noticiários e canais da TV aberta. Agora, paramos geral com a TV paga também. Com menos de um mês vendo quase nada de TV perto do que era antes, o que já dá pra perceber é que a gente está se distraindo menos uns dos outros, o tempo livre exige mais da gente, o dia é um desafio, um espaço para criação. É um pouco difícil, mas acredito que as memórias serão mais saborosas do que as do tipo: "Onde está o geninho?"


2 comentários:

  1. aiaiaiai...mais essa culpa pra carregar...mas como vc mesmo me disse um dia:"os pais fazem o melhor que podem..." e sei que vc é melhor,mais criativo,mais reflexivo,mais estudioso,do que um mero sub-produto da TV.Boa pra frente....estou nessa com vocês.

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  2. Obrigado novamente pelo apoio e pelo comentário! Sem noia e sem culpa, mãe. A gente faz o que acha certo. Vocês nos proporcionaram grande diversidade de atividades e experiências também!

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