sábado, 6 de agosto de 2016

Um parto olímpico

Hoje é dia de comemoração
O coração está agitado
Aquela emoção
Um belo show

Hoje é dia de comemoração
Dia de festejar
A bela partida
Com medalha de ouro

Hoje é dia de comemoração
Eu estava ali
na primeira fileira
Vendo de pertinho o espetáculo

Eu estava no banco de reservas
até o início do jogo
Quando fui escalada para substituir uma atleta machucada
Eis a minha hora de participar

Com início lento, devagar
Certa apreensão no zero a zero
Confiança nos jogadores
Experientes, fortes, um pouco cansados

A técnica se aproxima
Faz sua avaliação, suas recomendações
E deixa a partida prosseguir
E eu, ali, em torno da artilheira

Numa mudança repentina no jogo
A artilheira assume o controle da bola
Ganha sua força, reconhece o momento oportuno
E chuta, certeira e veloz

Nem deu tempo da técnica se aproximar
Eu, uma apoiadora
Assumo o papel de goleira
E, recebo, em minhas próprias mãos, a Vida

Dia de parto olímpico!!!



Tradução: Eu era a doula backup. A doula principal teve um problema de saúde. Eu assumi feliz, sou amiga da mulher. A gente achando que o parto estava no meio do processo, quando veio, surpreendentemente, a vontade de fazer força. A enfermeira obstetra estava a caminho. Não deu tempo. A mulher pariu lindamente. Eu e o marido só amparamos o bebê e ela mesma o acolheu. A enfermeira obstetra chegou. E eu, o dia todo, ocitocinada, com o poder de uma mulher!!!




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Dar o peito

Dar o peito
pra uma cria
nos animaliza
na melhor versão desse ato

Dar o peito
Dar o colo
Dar o tempo
Dar o leite

Dar o peito
Virar bicho
que se basta
e cria Vida

Dar o peito
Dar o leite
Dar o sangue
Dar o choro

Dar o peito
Alimento
Plenitude
Em si mesmo

Dar o peito
Dar o colo
Dar o tempo
Dar o leite

Dar o peito
Acordada, sentada
Na rua, na praça
Dormindo, deitada

Dar o peito
Dar o leite
Dar o sangue
Dar o choro

Amamentei cada filho por mais de um ano cada um. Podia ter sido mais, eu sei. Mas a chance maior era de ter sido menos. Estou acima da média. Amamentei esse tempo, por perseverança minha. Tudo contribuía para que fosse menos... a febre no terceiro dia de vida por perda de peso, a pediatra que recomendou a introdução alimentar aos 4 meses de vida, a volta ao trabalho, a orientação da nutricionista do banco de leite de que realmente eu não tinha leite suficiente e que meu filho não precisava mais depois dos 7 meses de vida.
Amamentei esse tempo porque sentia que isso valia a pena, porque eu gostava e me sentia plena de produzir seu alimento. Porque ter de parar tudo para amamentá-los me fazia sentir a pessoa mais especial do mundo... me permitia me conectar com minha maternidade e me ajudar a acreditar que eu era realmente mãe desses pequenos seres... sim, eles eram meus, eu os havia gerado em meu ventre... meu leite me confirmava a cada mamada que eles eram meus.
Amamentei porque isso me dava um ritmo, uma função e um lugar nessa nova vida de mãe. Dar o peito me ajudava a não ser mais quem eu era antes, não dava mais tempo, tinha que amamentar. Amamentei porque isso também me dava prazer. Porque amamentar me acalmava. Porque nesse tempo, eu tinha tempo, para mim e para a cria.
Amamentei no quarto, em silêncio, longe de todos... porque no começo a gente precisa de intimidade e de sossego para aprender a fazer isso.
Amamentei no meio de todos, mas nem tanto quanto faria hoje.
Amamentei de madrugada, cansada, cochilando e, às vezes, até com raiva.
Amamentei vendo seriados, filmes, novelas... sim, amamentar era ainda mais relaxante quando eu conseguia me distrair... nessa época eles já eram maiores... eu continuava trocando uns olhares com eles, mas daí eles fechavam os olhinhos, eu curtia meu tempo e eles aproveitavam para dormir no peito... até soltarem sozinhos quando entravam naquele sono profundo... ver filme com filhote dormindo no colo é a coisa mais boa do mundo... ainda mais no meio da semana... uma sensação de estar em outro tempo, outro ritmo.
Amamentei cada filho por mais de um ano cada um. Até quando eles quiseram. Até que eles foram parando de pedir... Podia ter sido mais, hoje eu sei, mas foi o suficiente para eu dizer: vale muito a pena!!!

Inspirada pela Semana Mundial de Aleitamento Materno - 2016

Eu e Yuri, ainda no hospital, no dia do nascimento, aprendendo a arte de amamentar

Eu e Yuri, algum dia, nas primeiras semanas de pós-parto

Eu e Luana, e o olhar!!! No começo, no quarto, na nossa intimidade

Eu e Luana, com 11 meses, na sala, com a tv ligada, eu entretida com algo, ela, quase dormindo...