domingo, 30 de julho de 2017

No seu lugar de poder (parto)

Não foi a primeira vez que estive com ela
Eu já a conhecia
De um outro parto
Que foi o meu primeiro como doula!
Há mais de quatro anos atrás
E, essa semana, novamente juntas

Acompanhando ela conseguir se re-encontrar
Consigo mesma
Ao lado e junto com o marido
Amparada por seu outro filho e sua sogra
E um olhar discreto da equipe

Foi um parto longo
Que veio se intensificando aos poucos
Exigindo fé e concentração
E muita paciência com o tempo
O tempo necessário e único de cada transformação

E ela não reclamou
Não perdeu o foco
Não se distanciou do momento
Se permitiu, se entregou (discretamente)
E pariu "quase" sozinha o seu filho

A equipe disponível mas desnecessária
Acompanhando atentamente de canto de olho
Aguardando ser chamada
E quando foi, foi assim, "correndo"
Pra poder assistir o primeiro choro, o primeiro abraço, o primeiro colo



E depois de parir
Já elaborando a jornada
A mulher, companheira de florais e meditações
Me conta que por algumas semanas estava me levando com ela
Para seu lugar de poder e cura
Com rosto pintado, como índia
Com outras mulheres
Que honra!!!! Que emoção!!!



E depois, uma paz indescritível
Sorrisos, leveza, brincadeiras e brindes
Família completa
Equipe em festa, esquecendo o cansaço de um parto atrás do outro
De noites sem dormir

Muitas gargalhadas
A Lua sorridente para nos abraçar
e lembrar que vale a pena, sempre!


(relato de doula, parto dia 27/07/2017)


quarta-feira, 26 de julho de 2017

Resumo de parto Ritmado (de 15 em 15 min)

E assim, ainda mais rápida e calma que seu irmão "Beija-Flor" (aqui link do meu relato de doula do parto anterior), chegou uma "Borboletinha" na madrugada do dia 26/07/2017

00:05 - Primeira mensagem do pai no whatsapp: Início do trabalho de parto = Corram!!! (segundo parto, sendo que o primeiro foi de 3:30 no total)

00:15 - Eu, colocando roupa correndo pra ir pra casa deles

00:30 - Eu (doula, cunhada da mãe e, logo, irmã do pai) chego na casa. Ela, saltitante, de um lado para o outro, falante, contrações curtas com pequenos espaços de tempo entre uma e outra

00:45 - Enfermeira obstetra chega. Observa, ausculta, arruma seus apetrechos e equipamentos. Mas sabiamente nos diz que tudo pode ser diferente... que pode ser que ainda demore (rs...)

01:00 - "Se for igual ao primeiro, vai nascer lá pelas 5:00"

01: 15 -  "É verdade, esse líquido é a bolsa". Tudo ok.

01:30 - "Queria ficar assim, sem contrações" - 4 contrações no intervalo de 10 minutos

01:45 - Banqueta no box do banheiro. "Tá doendo muito", "Não sei se quero que nasça", "Por que dói tanto?"

02:00 - "Quero fazer cocô, e é mesmo cocô, eu sei, não tem nada aqui não"

02:05 - Nasceu! (e nem deu os 15 minutos, rs....)

Eu ainda assimilando a ideia de ter ganhado minha primeira sobrinha, depois de 5 sobrinhos. Feliz, emocionada, cansada, renovada, com o coração em festa por ter a oportunidade de viver isso na vida.

domingo, 23 de julho de 2017

Luz e Sombras

Eu sempre fui um ser de Luz
E sempre me dei bem com meu lado iluminado
Sempre fui uma boa menina, bondosa, correta, justa e doce
Sempre fui boa no que me propus fazer
Sempre alcancei meus objetivos e
Quase sempre correspondi às expectativas dos Outros (fora não ter escolhido fazer Medicina)

Tá, sempre fui questionadora também e rompi alguns limites
Mas até isso é sempre com muita responsabilidade, com muita segurança, com muito respaldo teórico
Ou muito escondido, para ninguém descobrir

Bom, eu mudei
Desde que me aproximei dos 37 anos
As minhas sombras, que antes me rondavam bem de longe,
se escancararam para mim
E eu me abri para conhecê-las
Embora não soubesse que elas viriam assim, uma de mão dada com a outra

E desde então, estou sendo apresentada ao meu lado sombrio
E, pasmem!, eu não sou só Luz
Sou metade Sombras
E pior! Até gosto de dançar com elas. Gosto, admiro e reconheço suas forças


Mas daí vem o medo, a culpa, a insegurança, a raiva, a vergonha...
Como assumir que tenho sombras?
E o medo de decepcionar quem eu amo?
E o medo de não corresponder às expectativas que criaram sobre mim?
E o medo de ser punida, condenada, abandonada?

E assim, vou me descobrindo
Me conhecendo, me abraçando, me chorando
Chegando um pouco mais perto de mim
E a cada passo, descubro um pouco mais da minha força
E a cada passo, descubro o quanto ainda tenho a caminhar
Eu, que me achava forte, descubro que tenho um tanto de fraquezas para curar
Eu, que me achava fraca, sou confrontada a assumir o meu poder

Hoje eu dancei comigo mesma
Alguém que por muito tempo eu neguei
Dancei
e nesse compasso, acho que entendi como confiar
Me entregando à gira
E deixando a gira girar
Entendi que confiar é ir, apesar do medo
Rodar, ficar tonta e quem sabe, até cair
Ou não