Compromisso logo de manhãzinha: aula de dança (será que
posso chamar assim Fernanda Bevilaqua?, pois a proposta é tão encantadora e tão
interessante e global que penso que extrapola qualquer tentativa de
enquadramento em uma categoria pre-determinada: dança? educação? corpo? emoção?
história?)... Vou descrever a atividade do dia mas deixo aberto o desafio para
a Fernanda e a Clara postarem aqui nos comentários mais detalhadamente sobre a
proposta do projeto, topam? Enfim, a atividade era as 8:30 e já percebi que vai
ser um desafio a gente conseguir chegar no horário. Aqui em casa acho que
gostamos de dormir... desde bebês a rotina aqui de casa é a dos meninos
dormirem quando fica de noite, portanto, oito horas estamos todos no quarto e
até nove, no máximo, eles já estão sonhando (a hora de dormir merece um post só
pra ela, muita coisa pra contar!). E eles dormem até mais ou menos oito horas
do dia seguinte. Eles revezam entre eles o que vai dormir até mais tarde um
pouquinho. Hoje foi o dia do Yuri, eu levantei as sete e meia para tentar
organizar tudo e sairmos na hora, logo que levantei cutuquei o Gu (isso se
repetiu umas 10 vezes) e ele levantou às oito, quase junto com a Luana. O Yuri,
eu tive que acordar às oito e quinze.
Foto meramente ilustrativa: Mas que parece hoje, parece! |
Chegamos ao Uai Q Dança (escola de dança) às quinze pras
nove. A turma já havia saído de lá... Isso mesmo, a tal “aula de dança”
acontece na cidade, em algum espaço público ali da redondeza... hoje a aula foi
em uma praça. Fomos pra lá e ao chegar, encontramos a turma e um cesto de
novelos de lã (Ah!!! Muito importante, a turma é composta por meninos e meninas
de diferentes idades). Foi um intenso desenrolar e enrolar de lãs, entrelaçado
com a vida ao redor, com a fantasia, com o sol e a brisa fria, tintas em linhas
colorindo a praça! Uma coisa linda de ver e de viver. É claro que não resisti e
entrei na dança, assim como quem se convida para a festa eu também participei.
O Gu, ali, sentado, num banco da praça, com seu livro a tira colo, um olho nele
e outro na praça colorida. Os meninos, livres, alegres, rodopiando no palco da
praça, fazendo e desatando seus nós... E num piscar de olhos, o tempo passou...
Saímos da aula e já tínhamos um novo passeio: conhecer o
cemitério que fica perto da nossa casa. Isso, há alguns dias, Gu e Luana
chegaram num papo sobre cemitério e a Luana solicitou conhece-lo. Hoje era o
dia. Foi um passeio de família muito interessante. Quanta coisa a aprender,
sobre a vida e sobre a morte, túmulos de diferentes tamanhos, formas e
imagens... uma imagem se destacou, um homem barbudo carregando ou pregado em
uma cruz, e as perguntas brotavam em uma velocidade sem fim... mas por quê
isso? Por que eles fizeram isso ou aquilo se ele era bom? O que é crucificado?
Jesus é Deus? O que é milagre?.....
Na volta pra casa, paramos em uma vendinha, um mini-sacolão,
pra comprar milho. Três mulheres cercadas de “cascas” de milho, cortavam,
abriam e limpavam o milho. MUITO MILHO! E foi mais dez minutos de aprendizagem
sobre milho, trabalho em equipe e paciência (já tentou tirar cabelo de milho?,
os meninos tentaram!).
De volta pra casa, final da manhã. Claro que todos
desenhamos o que mais gostamos dos passeios. Almoço, escola e trabalho... Opa,
no almoço teve morango de sobremesa e a Luana teve a idéia de levar morango pra
escola. Yuri também quis. Solução: passar no supermercado antes da aula e
comprar morango para as turmas!
Vou parar o relato linear por aqui... só vou acrescentar que
acabei não indo trabalhar pois ao chegar na escola preocupei com os ohos
vermelhos da Luana e com um pouquinho de secreção... me atinei que não poderia deixa-la
lá, em contato com as outras crianças sabendo do risco de contaminação se fosse
início de uma conjuntivite. E não deu outra, sete dias de afastamento da
escola! (segundo o Gu, estamos sendo forçados à desescolarização...).
Minha idéia quando comecei a escrever era o de compartilhar
a rotina de um dia normal, mas atualmente nossos dias normais estão sendo
especiais, uma nova descoberta a cada novo olhar... Coisas simples, como um milho,
um morango ou um novelo de lã... coisas raras, únicas e preciosas, como um
olhar de surpresa, um abraço apertado, ou a simples lembrança de que não somos eternos,
de que o tempo passa e leva com ele os momentos que passaram. Como você tem
escolhido viver o seu dia?
Norinha...seu texto está cada dia mais limpo e comovente.Eu tenho escolhido viver um dia de cada vez e cheio de saudades de vocês....maravilhosa idéia de relatar as vivências da família....eu daqui,participo com meu incentivo e leitura.Obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirObrigada sogrinha... escrever pra mim tb tem esse sentido de aproximar as pessoas queridas... muita coisa acontecendo e agora essa vontade de escrever sobre tudo... vou tentando na medida do possível!
ExcluirDia especial mesmo. Aprender a olhar e a parar, a ver o mundo e as pessoas com os olhos do Yuri ("curioso por pessoas") e da Luana. Desaprender e reaprender.
ResponderExcluirTão especial quanto surpreendente. Este dia me acompanhou pela semana como se quisesse me dizer: Viu só? Quando a gente joga novelos numa praça, é o fim do controle. Antes de jogarmos, conversávamos sobre o que ia acontecer. Preveni as crianças sobre o que poderia acontecer.Hahaha...Que ilusão. Como é que se pode saber o que vai acontecer após o desenrolar de novelos coloridos por uma praça da cidade? O Yuri disse: Olha , isso aí virou um crocodilo de óculos e a Luana viu uma estrela. A Mariah viu um labirinto colorido e o Otávio disse: Vamos dançar mais um pouquinho? Aquilo era tudo o que se mostrava para o sentir das crianças. Um dia especial como vocês, pais do Yuri e da Luana. Foi especial a presença de vocês alí, E esse blog é uma pérola! Gratidão.Fernanda
ResponderExcluirÉ Fêr... um descontrole maravilhoso! Obrigada por ser assim, aberta e desafiadora! E como vc percebeu, eu gosto de participar!
ExcluirRaro, muito raro poder contar com pais que participam. Então, entre, abra a porta e seja sempre bem vinda! Fernanda
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